Sexta-feira, 29 de março de 2024

Artigo: Jane Fonda (81) é a inspiradora do envelhecimento ativo

"Ensina-me, Jane Fonda, a preparar o palco para o tempo que me resta, ser protagonista da minha história"

Publicado em: 15/09/2019 às 10h27


Ensina-me, Jane Fonda, a chegar aos 81 anos com a força e exuberância da eterna Barbarella. Com a capacidade de transformação de cada estação do ano, retirando os galhos secos, esperando florescer, mesmo que já esteja no terceiro ato da vida – denominação da própria atriz para o tempo de envelhecer. Para ela, o terceiro ato no teatro é o mais importante para entender os dois primeiros.

 

De terninho branco impecável, esguia e usando apenas discretos brincos, ela foi uma das convidadas especiais do 7 Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, em São Paulo, no Hotel Transamérica, em que as melhores reportagens sobre envelhecimento ativo são premiadas. O jornal Estado de Minas ganhou o primeiro lugar com o caderno especial do Bem Viver, sob o título “Envelhecemos!”. A reportagem criou um cenário imaginário em 2050, ano em que as estatísticas apontam um maior número de pessoas velhas do que jovens. Estava lá para receber o prêmio e fiquei paralisada quando Jane Fonda entrou no palco. Naquele dia, Jane Fonda provocou uma catarse na minha vida.

 

Não sei falar inglês, mas estive pertinho dela, senti a sua energia, o brilho nos olhos. Senti que, em algum lugar do mundo, tem alguém como Jane Fonda, que fala a mesma linguagem universal, que não precisa de tradutor.

 

Ensina-me, Jane Fonda, a dar a volta por cima nos piores momentos, para revelar segredos, como abusos sexuais, que sofreu aos 9 anos. Ela disse também que a sua mãe, Frances Ford Seymour, também tinha sido abusada sexualmente e se matou por conta disso quando tinha apenas 12 anos. Ao passar os dois primeiros atos a limpo, ela perdoou a mãe e se perdoou. Vive em paz, ativa, mesmo depois de perder recentemente o melhor amigo e irmão, Peter Fonda.


Por que estou voltando a falar em Jane Fonda sete anos depois do prêmio? Ela é a musa inspiradora do envelhecimento ativo. Em maio deste ano, aos 81, a atriz, escritora e ativista política foi escolhida para estampar a capa de uma edição especial da Vogue britânica, a revista de moda mais influente de todas. O editor da publicação é Edward Enninful, nascido em Gana, na África, o primeiro homem a ocupar o cargo, que teve sensibilidade para perceber que a revista, assim como tantas outras publicações, não abre espaço para mulheres com mais de 50. Resolveu mudar tudo. A prova é a edição especial, feita em parceria com a marca de cosméticos francesa L’Oreal, empresa para a qual Jane Fonda atua como uma espécie de embaixadora.


“Ver mulheres com mais de 50 anos nessa edição especial prova que a idade de uma pessoa será sempre um fator mais intrigante, com nuances inspiradoras, do que um simples número poderia sugerir”, disse o editor. A Vogue vem chamando a atenção também para a falta de mulheres maduras nas passarelas. E teve a ideia de escolher Jane Fonda para a capa da edição especial. Aos 81, a atriz continua ativa, trabalhando e agitando, como sempre fez. Apesar das plásticas, é uma mulher que chega muito bonita ao crepúsculo da vida. Talvez, o envelhecimento seja mais duro para quem sempre foi bonita, mas Jane Fonda mostra que há beleza em cada idade.


Elogiada e admirada pela personagem que interpreta na série Grace and Frankie – ela contracena com Lili Tomlin –, Jane Fonda sustenta uma visão otimista do envelhecimento: “Gosto de estar no topo da colina, porque descobri que há uma paisagem totalmente nova. Gosto da idade. Fico feliz de ter vivido tanto tempo”, diz, chamando a atenção para o fenômeno mundial do envelhecimento, ainda ignorado por muitas empresas e instituições. “É importante entender que as mulheres mais velhas são as que mais crescem no mundo inteiro. É hora de reconhecerem nosso valor.”


Para dizer que acompanhei toda a série Grace & Frankie. E volto sempre a revê-la. Talvez, não tenha prestado a devida atenção em Jane Fonda mais jovem, mas quando a conheci, em 2012, em São Paulo, é que li parte do livro distribuído durante a entrega do prêmio, com o título Jane Fonda. O melhor momento. Aproveitando ao máximo toda a sua vida, quando ela faz uma análise dos três atos da vida. “Sinto que, nesta fase, estou me tornando quem eu deveria ter sido o tempo todo.”


Imperdível também é o filme Nossas noites, em que Jane Fonda, com o eterno parceiro de cinema Robert Redford, fala sobre a solidão das noites. Viúvos e vizinhos, eles estão sós na rotina da velhice, até que ela propõe de os dois dormirem juntos. Também vi muitas vezes o filme Se fôssemos morar todos juntos? uma alternativa de moradia comunitária para a velhice de toda uma geração, que fez a revolução de comportamentos e hoje levanta a bandeira do envelhecimento saudável. Afinal, em apenas um século, houve o aumento de 34 anos na expectativa de vida. A revolução dos velhos surgiu a partir desse dado. Como aproveitar da melhor maneira esses anos a mais?


Ensina-me, Jane Fonda, a fazer essa revisão de vida, para compreender melhor o meu passado, abandonar padrões antigos, definir prioridades, cultivar novas metas e sonhos. Ensina-me, Jane Fonda, a viver esse novo tempo, em que o tsunami demográfico de velhos vem aí, mesmo num país que não vê as próprias rugas e os cabelos brancos. Ensina-me, Jane Fonda, a ser Senhora do Tempo, como você. A tocar a partitura desse terceiro e decisivo ato. Ensina-me, Jane Fonda, a preparar o palco para o tempo que me resta, ser protagonista da minha história!


Ensina-me, Jane Fonda, a chegar aos 81 anos com a força e exuberância da eterna Barbarella. Com a capacidade de transformação de cada estação do ano, retirando os galhos secos, esperando florescer, mesmo que já esteja no terceiro ato da vida – denominação da própria atriz para o tempo de envelhecer. Para ela, o terceiro ato no teatro é o mais importante para entender os dois primeiros.


De terninho branco impecável, esguia e usando apenas discretos brincos, ela foi uma das convidadas especiais do 7 Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, em São Paulo, no Hotel Transamérica, em que as melhores reportagens sobre envelhecimento ativo são premiadas. O jornal Estado de Minas ganhou o primeiro lugar com o caderno especial do Bem Viver, sob o título “Envelhecemos!”. A reportagem criou um cenário imaginário em 2050, ano em que as estatísticas apontam um maior número de pessoas velhas do que jovens. Estava lá para receber o prêmio e fiquei paralisada quando Jane Fonda entrou no palco. Naquele dia, Jane Fonda provocou uma catarse na minha vida.


Não sei falar inglês, mas estive pertinho dela, senti a sua energia, o brilho nos olhos. Senti que, em algum lugar do mundo, tem alguém como Jane Fonda, que fala a mesma linguagem universal, que não precisa de tradutor.


Ensina-me, Jane Fonda, a dar a volta por cima nos piores momentos, para revelar segredos, como abusos sexuais, que sofreu aos 9 anos. Ela disse também que a sua mãe, Frances Ford Seymour, também tinha sido abusada sexualmente e se matou por conta disso quando tinha apenas 12 anos. Ao passar os dois primeiros atos a limpo, ela perdoou a mãe e se perdoou. Vive em paz, ativa, mesmo depois de perder recentemente o melhor amigo e irmão, Peter Fonda.


Por que estou voltando a falar em Jane Fonda sete anos depois do prêmio? Ela é a musa inspiradora do envelhecimento ativo. Em maio deste ano, aos 81, a atriz, escritora e ativista política foi escolhida para estampar a capa de uma edição especial da Vogue britânica, a revista de moda mais influente de todas. O editor da publicação é Edward Enninful, nascido em Gana, na África, o primeiro homem a ocupar o cargo, que teve sensibilidade para perceber que a revista, assim como tantas outras publicações, não abre espaço para mulheres com mais de 50. Resolveu mudar tudo. A prova é a edição especial, feita em parceria com a marca de cosméticos francesa L’Oreal, empresa para a qual Jane Fonda atua como uma espécie de embaixadora.


“Ver mulheres com mais de 50 anos nessa edição especial prova que a idade de uma pessoa será sempre um fator mais intrigante, com nuances inspiradoras, do que um simples número poderia sugerir”, disse o editor. A Vogue vem chamando a atenção também para a falta de mulheres maduras nas passarelas. E teve a ideia de escolher Jane Fonda para a capa da edição especial. Aos 81, a atriz continua ativa, trabalhando e agitando, como sempre fez. Apesar das plásticas, é uma mulher que chega muito bonita ao crepúsculo da vida. Talvez, o envelhecimento seja mais duro para quem sempre foi bonita, mas Jane Fonda mostra que há beleza em cada idade.


Elogiada e admirada pela personagem que interpreta na série Grace and Frankie – ela contracena com Lili Tomlin –, Jane Fonda sustenta uma visão otimista do envelhecimento: “Gosto de estar no topo da colina, porque descobri que há uma paisagem totalmente nova. Gosto da idade. Fico feliz de ter vivido tanto tempo”, diz, chamando a atenção para o fenômeno mundial do envelhecimento, ainda ignorado por muitas empresas e instituições. “É importante entender que as mulheres mais velhas são as que mais crescem no mundo inteiro. É hora de reconhecerem nosso valor.”


Para dizer que acompanhei toda a série Grace & Frankie. E volto sempre a revê-la. Talvez, não tenha prestado a devida atenção em Jane Fonda mais jovem, mas quando a conheci, em 2012, em São Paulo, é que li parte do livro distribuído durante a entrega do prêmio, com o título Jane Fonda. O melhor momento. Aproveitando ao máximo toda a sua vida, quando ela faz uma análise dos três atos da vida. “Sinto que, nesta fase, estou me tornando quem eu deveria ter sido o tempo todo.”


Imperdível também é o filme Nossas noites, em que Jane Fonda, com o eterno parceiro de cinema Robert Redford, fala sobre a solidão das noites. Viúvos e vizinhos, eles estão sós na rotina da velhice, até que ela propõe de os dois dormirem juntos. Também vi muitas vezes o filme Se fôssemos morar todos juntos? uma alternativa de moradia comunitária para a velhice de toda uma geração, que fez a revolução de comportamentos e hoje levanta a bandeira do envelhecimento saudável. Afinal, em apenas um século, houve o aumento de 34 anos na expectativa de vida. A revolução dos velhos surgiu a partir desse dado. Como aproveitar da melhor maneira esses anos a mais?


Ensina-me, Jane Fonda, a fazer essa revisão de vida, para compreender melhor o meu passado, abandonar padrões antigos, definir prioridades, cultivar novas metas e sonhos. Ensina-me, Jane Fonda, a viver esse novo tempo, em que o tsunami demográfico de velhos vem aí, mesmo num país que não vê as próprias rugas e os cabelos brancos. Ensina-me, Jane Fonda, a ser Senhora do Tempo, como você. A tocar a partitura desse terceiro e decisivo ato. Ensina-me, Jane Fonda, a preparar o palco para o tempo que me resta, ser protagonista da minha história.!