Sexta-feira, 29 de março de 2024

Mato Grosso do Sul aumentou em 21.419 investidores em ações na Bolsa de Valores

Mesmo em ano de queda de 11,93%, número de sul-mato-grossenses na B3 passou de 30.548 para 51.967

Publicado em: 17/01/2022 às 09h05


Mesmo com a Bolsa de Valores (B3) fechando 2021 em queda de 11,93%, o número de investidores de Mato Grosso do Sul cresceu 70%. Conforme levantamento da B3, operadora do mercado de capitais brasileiro, em 2020, foram 30.548 pessoas que investiram na renda variável em MS, já ao fim do ano passado, 51.967 sul-mato-grossenses decidiram negociar por meio dos canais da B3.

O valor em custódia combinado caiu de R$ 2,2 bilhões para R$ 2,1 bilhões – retração de 4,5%. A queda pode ter sido auxiliada pela retração no índice Ibovespa, o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3.

De acordo com especialistas em investimentos, nos últimos dois anos, a renda fixa, principalmente utilizando como referência a Selic, caiu muito e foi um gatilho para que os investidores que estavam alocados nesses títulos começassem a olhar a Bolsa de Valores. Conforme o assessor de investimentos Eliseu Nantes, o acesso à informação e a facilidade de se inscrever numa corretora ONLINE ajudou a ampliar o número de investidores.

“O conhecimento é maior, com muitos blogs, sites e corretoras, que vieram fortes nos últimos anos. Isto fez com que o assunto fosse mais discutido. Depois, a pandemia derrubou os mercados e tornou muito baratas ações, que ficaram boas de comprar. E a queda da Selic fez com que as aplicações mais tradicionais deixassem de ser atrativas”, avaliou.

Na sexta-feira, a B3 terminou o dia em alta de 1,33%, aos 106.927,79 pontos, no melhor nível de fechamento desde 17 de dezembro. Na semana, os ganhos ficaram em 4,10%.

O Ibovespa teve o melhor desempenho semanal desde o intervalo entre 1º e 5 de março de 2021, quando havia avançado 4,70%. No mês e no ano, acumula ganho de 2,01%, fechando a primeira quinzena de janeiro no positivo, após largada bem negativa este ano.

INVESTIDORES
Conforme os dados da B3, a maioria dos investimentos é realizada por pessoas do sexo masculino. Em dezembro de 2020, o número de homens de MS que investiam na B3 era de 23.187, no ano passado, o total subiu para 41.186, aumento de 77,62%.

Já a quantidade de mulheres que investem passou de 7.361 para 10.781 no mesmo intervalo de tempo – alta de 46,46%.

O engenheiro ambiental Aurimar da Costa Filho começou a investir em 2020, mas, em função da queda na renda em 2021, teve de parar de fazer os aportes mensais. “Estou trabalhando para aumentar minha renda e poder voltar a investir. Infelizmente, tive que deixar de aplicar dinheiro no momento de baixa do mercado, o melhor para acumular ativos”, lamentou.

Mesmo com a pausa nos aportes, o engenheiro não se desfez dos ativos que tinha adquirido. “Continuo com a minha carteira da mesma forma. Minha estratégia não prevê retirada de valores em um curto prazo, só em última necessidade”, revelou.

Outro investidor do Estado que segue a mesma estratégia é Renan Bezerra. O engenheiro florestal começou a comprar ações em 2019. “Meu objetivo era ter mais rendimento, tendo em vista que o dinheiro na poupança não rende tanto quanto investir em fundos e ações”, contou.

Os dois afirmam seguir youtubers e profissionais do mercado financeiro que se aventuram como influenciadores digitais e têm desmistificado os investimentos.

APOIO DIGITAL

Um deles é Junior Xavier, sócio-proprietário da FX Invest. O campo-grandense é assessor de investimentos, tem um perfil que ensina conceitos básicos no Instagram e capta clientes dispostos a investir em produtos mais arriscados com auxílio profissional. Ele acredita que a procura tem aumentado em razão das pessoas estarem com a cabeça mais aberta para entender esses investimentos.

“Algo que vemos muito é uma geração que está disposta a conhecer novas formas de investir. Temos trilhões na poupança, que não rende nada e acaba sendo mais perigosa. É só ver a inflação do último ano”, argumentou.

O assessor se refere à perda que a poupança apresentou em 2021, com o a inflação atingindo 10,06%. Com o último aumento da taxa básica de juros, a Selic, para 9,25%, a caderneta passou a render 6,17% ao ano.

“As pessoas pensam apenas em ações quando falamos de Bolsa, mas o que tem no mundo real tem na Bolsa. Tem produtos de renda fixa hoje que pagam 17% ao ano, sem fazer nada e com pouco risco. Se você pegar LCI [Letra de Crédito Imobiliário], LCA [Letra de Crédito Agrícola] e fundos imobiliários (FII), todos eles têm rendimentos isentos de imposto de renda”, explicou.

Com a grande dificuldade de entendimento, Junior Xavier vê uma mudança no perfil dos investidores. “Tem uma geração de pessoas que está mais atenta ao rendimento do patrimônio, tem acesso a redes sociais e se interessa por fontes diversas de renda”.

Apesar disso, ele ressalta que ainda há muito a ser feito no Brasil. “Não temos educação financeira nas escolas ainda, somos apenas quatro milhões de investidores na Bolsa [no Brasil], contra 186 milhões nos Estados Unidos. Porcentualmente, isso é 1,88% contra 58%, então, precisamos mudar a forma de pensar com relação a investimentos”.

Apesar das oscilações nos últimos meses, especialistas dizem que ainda é hora de investir. “Todo momento é bom para investir.

Agora, por exemplo, está muito interessante, com a Bolsa lá embaixo, para entrar no mercado de ações. É um bom ponto de entrada. A Selic alta acaba abrindo opção dos pré-fixados também. Sempre tem que ter diversificação”, finalizou Nantes.