Quinta-feira, 28 de março de 2024

Arquiteta de MS consegue comprar casa de 3 andares por 1 euro na Itália

Casa vai custar menos de R$ 10,00 e Paula terá aproximadamente dois anos para terminar a reforma

Publicado em: 18/11/2021 às 07h09


Em dezembro de 2020 as irmãs campo-grandenses Paula Magalhães e Bruna Bortone embarcaram em um sonho: disputar a compra de uma casa na Itália por apenas um euro (hoje R$ 6,21). À época, elas mostraram detalhes do imóvel que pretendiam ter, um casarão de 1900, que além de residência, viraria ambiente para abraçar a cultura.

Onze meses depois, as duas voltaram para contar a novidade: “A casa de um euro é nossa. Depois de exatamente um ano, a gente conseguiu”, celebra Paula, que é arquiteta e há dois anos, trocou Campo Grande pela Europa.

Paula lembra que o projeto teve início na fase de isolamento por lá. “E só o que eu podia fazer para me sentir viva era buscar algo de interessante na internet. E no meio dessa busca, encontrei o edital da Casa de 1 euro”, lembra sobre o que a levou a disputar a casa.

A cidade da casa era a 100 km de onde ela morava, mesmo assim, resolveu tentar. “Eu ainda não entendia muito bem das legislações e regras de construção e habitação por aqui”.

Foi então que elas apresentaram um grande projeto. “Mas faltava muita coisa, vários documentos que a gente não entendia direito e acabamos perdendo esse primeiro edital”.

Na loucura que foi tentar participar do primeiro edital, Paula encontrou no trabalho e no contato com amigos arquitetos e engenheiros, o conhecimento que precisava para elaborar um projeto dentro de todas as especificações do documento. “Eu aluguei uma casa bem no meio do centro, que é onde a prefeitura está fazendo um novo edital que eu resolvi participar”.

O edital disponibilizou nove casas no total e a nova residência que Paula escolheu, era a mais requisitada, na rua principal do centro histórico, que se chama Via Duomo. “Muita gente falou que eu não ia conseguir, porque a casa era concorrida”.

 

Uma das fachadas da casa, com três andares. (Foto: Paula Magalhães)

 

Para ganhar o edital, os participantes tinham que cumprir uma série de exigências e para cada tópico, tinha uma pontuação, em que era levado em conta sustentabilidade, contexto histórico, eficiência energética e destinação de uso, por exemplo. Paula seguiu à risca todos os detalhes e conseguiu vencer o edital.

A casa fica em Taranto, cidade na região Puglia, conhecida pela cidade dos dois mares: o Mar Grande e o Mar Piccolo. No meio desses dois mares, tem uma pequena ilha que se chama “Città Vecchia” – cidade velha em português – e ali é o centro histórico da cidade.

“Tem muitas casas abandonadas, elas são de 1900 e com o intuito de revitalizar essa área da cidade, a prefeitura decidiu ceder algumas das casas que estão completamente fechadas com muro de pedra, pelo valor simbólico de 1 euro. Esse valor é simbólico porque quem vence tem a responsabilidade de reestruturar a casa, ou seja, arcar com os custos da reforma até que ela esteja prontinha de acordo com o que foi proposto no projeto”.

A casa tem aproximadamente 80 metros quadrados, divididos em três andares, sendo térreo e mais dois pavimentos. “Fizemos um projeto de olhos fechados, porque a planimetria que tínhamos na mão era de 1950 e a gente não podia entrar na casa pra ver como era, as portas e janelas são fechadas com muro de pedra e no dia que a documentação estiver na nossa mão, vamos ter que quebrar esse muro pra entrar. Então, nós imaginamos um projeto dentro do que queríamos e achávamos que seria possível fazer ali”.

 
No térreo, há sala, cozinha e banheiro. No primeiro andar, dois quartos e um banheiro. No ultimo andar, mais um quarto. “Não sabemos se é possível subir no terraço, porque não tem espaço para fazer uma escada, mas se for possível, nós teremos acesso a um terraço que vai garantir visão para os dois mares”.

Na fachada, Paula e a irmã fizeram um projeto de restauro, conservando tudo do jeitinho que está ali. “Só vamos consertar o necessário e fazer adaptações, as portas e janelas serão de ferro e madeira, as paredes continuarão sendo de pedra, só acrescentaremos plantas”.

Conversando com duas amigas e artistas de Campo Grande, a SolZt e Natacha Figueiredo, surgiu a ideia de fazer projeção de video mapping na fachada. “Ali, a pessoa que passar, poderá ver como era a casa no ano de 1900, como foi a transformação dela e como ela vai ser daqui pra frente".

Agora, Paula tem aproximadamente dois anos para resolver documentação, alvarás, licenças, reestruturação e reforma. “Quando a casa estiver pronta, a ideia é fazer ali uma mostra de arquitetura e decoração, uma espécie de Casacor. Ela vai continuar sendo nossa casa, mas nós pensamos em abrir as portas de vez em quando para que as pessoas vejam que é possível transformar uma casa tão antiga e abandonada, em uma casa linda e cheia de vida”.