Budismo e meditação - Edmir Terra - Caarapó Online

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Budismo e meditação - Edmir Terra

Fundamentos básicos da meditação

Publicado em: 09/06/2018 às 17h40


Uma vez perguntaram a um monge budista, o que os budistas fazem. O monge respondeu: “Os budistas sentam, caminham e comem. Por que ele respondeu assim? Sua resposta está associada ao sentar, que é uma das posições utilizadas para fazer a meditação. Caminhar, também é uma forma de fazer meditação, sim podemos através do caminhar praticar a meditação da concentração. E a parte final da resposta era comer, que no momento em que nos alimentamos, também sem conversar, ou prestar atenção na comida, e somente na comida, estamos praticando uma forma de meditação.

O Buda, também conhecido por Sidarta Gautama, era um homem, com pai real (literalmente pois seu pai era um rei no Nepal), mãe (rainha) real e foi casado com a princesa Yasodhara. Aos vinte e nove anos, saiu do palácio, em busca da Verdade, pois a doença, a velhice e a morte eram os males que afligiam a humanidade, também naquela época, ou seja, cinco séculos antes de Cristo. Depois de aprender com vários mestres existentes na época, na Índia, ele foi solitariamente em busca da Verdade. Encontrou a verdade através da meditação. Depois de ficar vários dias, embaixo da árvore Bodhi (Ficcus religiosa sp.) ele atingiu a Iluminação, ele viu todo o conhecimento necessário para apagar o sofrimento dos homens. Ele viu as vinte e sete vidas anteriores a sua via, viu quem foi antes de atingir o estado de Buda, tudo conseguido através da meditação.

Depois de atingir a iluminação, ele tinha antes cinco discípulos que o seguiam, até no momento de se dirigir a posição meditativa. Quando no estado de meditação, após ter sido tentado várias vezes pelo senhor do mal (conhecido por Marā), ele estava faminto pois não comia há muitos dias e uma moça lhe ofereceu um pouco de arroz com leite, e ele recobrou as forças e sobreviveu àquela falta de alimento, e com o ganho de ter descoberto a verdade.

Seus seguidores ficaram um pouco desconfiados acerca de ter recebido um alimento, mas Buda viu que não é ficar sem comer ou comer até se fartar que se vive, e sim seguindo o caminho do equilíbrio, ou Caminho do Meio. A base dos princípios de onde todo ensinamento (ou Dhamma) se deriva no Budismo, são: Quatro Nobres Verdades e o Caminho Óctuplo. Deste em dia em diante, Buda ensinou que a meditação é uma das formas de se atingir a compreensão e a consciência plena (mindfulness) de todos os atos e fatos da vida que temos.

Muitas pessoas confundem, meditação com reflexão, pois refletir, é ter um determinado tema ou questão em mente e depois chegar a conclusões e resultados. Meditação é outra atividade, muito diferente de reflexão.

Meditar é ficar em uma posição, no caso da meditação sentada. Cruzar as pernas um pouco (posição de meio lótus) ou bem cruzadas (posição de lótus total), sendo a direita sobre a esquerda, a mão direita sobre a mão esquerda, espinha dorsal reta, olhos fechados, olhando um horizonte (sem ver) e a seguir prestar atenção no processo de respirar. Respiração entra, respiração sai, entra, sai, entra sai.

Não será visto luzes, estrelas, sinos ou qualquer coisa do gênero, será apenas a sua mente observando a respiração, o som da respiração, o ar entrando, o ar saindo, entrando, saindo, nada metafísico ou exotérico.

Existem basicamente dois tipos de meditação, uma delas é a meditação samādhi (concentração), a outra da consciência plena (mindfulness). O que diferencia em cada uma delas são os temas definidos internamente, que podem ser observados durante o processo: amor bondade, saúde, coração, amizade, verdade, vidas anteriores, etc.

Quem pode meditar? Esta foi outra pergunta feita ao próprio Buda. Ele respondeu: todo ser humano que respira pode meditar, pois além de se poder meditar sentado ou caminhando podemos meditar deitados ou na posição em pé. Ele ensinou os vários tipos de meditação que podemos fazer para obter alguns benéficos tais como: mente calma, compreensão dos fatos, entendimento correto do mundo, visão clara e percepção das situações, foco nos objetivos, controle mental para se comportar frente as mais diversas situações que surgirem, além de muitos benefícios físicos, como regulagem da pressão sanguínea, equilíbrio hídrico corporal e apaziguamento geral.

Meditar não é uma ação tal como tomar banho, ou lavar a cabeça, ou fazer uma embalagem para presente, meditação é muito mais que isso. Meditar é ter a atenção voltada para o comportamento da mente e os fatos existentes internamente (emoções, medos, temores, raiva, ódio, lembranças boas e ruins, etc.) e externamente (corpo, órgãos, sensações corpóreas de clima, estados da mente, sons, aromas, e etc.) a mente.

Meditar é voltar-se para dentro de si e começar a observar, a prestar atenção, na respiração, na entrada e saída do ar dos pulmões, no processo físico. Voltar para dentro e verificar mentalmente os fatos e compreender que todas as coisas que existem são impermanentes, que tudo muda o tempo todo, que todos os fenômenos são temporários, que ao ver as pessoas, você estará vendo alguém que amanhã será uma outra pessoa, um outro ser, com mais idade, mais experiência, mais vivência e mais conhecimento, sejam homens ou mulheres.

Buda recomendava e avisou a todos os seres humanos: “Medita agora, para que não se arrependa mais tarde”, como uma forma de se chegar o mais perto ou no estado pleno de felicidade, o estado de Nibbāna (ou em sânscrito Nirvana), onde é só felicidade.

Professor Assistente na UFGD, desde 1990 e mestre em Agronegócios, pela UnB-UFMS. Contato ou dúvidas, escreva para: [email protected]