Ondas de calor extremo são um "suicídio coletivo", diz o da ONU
Declaração do secretário-geral António Guterres coincide com o auge da segunda onda de calor em menos de um mês na Europa. Relatório alerta que metade do território do continente corre o risco de seca
Publicado em: 19/07/2022 às 15h25A onda de temperaturas extremas e incêndios florestais que assola a Europa são um "suicídio coletivo", classificou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Reunido com ministros do meio ambiente de 40 países, incluindo do Brasil, ele destacou que as políticas de contenção de mudanças climáticas estão na contramão do que o planeta necessita. "Metade da humanidade está na zona de perigo de inundações, secas, tempestades extremas e incêndios. Nenhuma nação está imune.
No entanto, continuamos a alimentar nosso vício em combustíveis fósseis." A reunião, na Alemanha, é um preparatório para a conferência do clima, que acontece em novembro, no Egito.
Outro grave alerta foi dado pela Comissão Europeia. Em um dia de temperaturas recordes no continente, especialistas assinalaram que quase metade do território da União Europeia (UE), formada por 27 países, está "em risco" de sofrer com a seca após uma ausência prolongada de chuvas. Cerca de 46% da superfície está exposto a níveis de seca considerados de risco, o que significa um déficit importante de umidade do solo, indicou o Centro Comum de Pesquisa (JRC, na sigla em inglês) em seu relatório de julho. Aproximadamente 11% está em nível de alerta, com a vegetação e os cultivos debilitados pela falta de água, acrescentou o documento.
"França, Romênia, Espanha, Portugal e Itália provavelmente terão que enfrentar uma queda da produtividade dos cultivos", principalmente dos cereais, gerada pelo "estresse hídrico e térmico", destacou o Executivo da UE. Por sua vez, Alemanha, Polônia, Hungria, Eslovênia e Croácia também foram afetadas, enquanto a bacia do Pó na Itália "enfrenta o nível mais alto de seca severa" na UE, devido a uma "seca intensa" declarada em cinco regiões italianas, afirmou a Comissão Europeia.
Ontem, França e Reino Unido enfrentaram temperaturas extremas: 42ºC em Nantes, e 38,1ºC em Suffolk, na Inglaterra. Registrando incêndios florestais, Portugal, Espanha e Itália também sofrem com as altas temperaturas neste início de verão no Hemisfério Norte. A onda de calor é a segunda registrada em menos de um mês na Europa, em plena campanha turística de verão. Para os cientistas, a multiplicação desses fenômenos é consequência direta das mudanças climáticas.
"Espera-se um calor especialmente intenso, não uma típica onda de calor de verão", explicou à agência de notícias France Presse François Gourand, meteorologista da Météo France. O sudoeste francês poderá viver "um apocalipse de calor", com até 44ºC, destacou o cientista.