Pesquisa estima que 5% da população adulta do planeta vive com depressão
Os pesquisadores defendem que, para combater o mal, é necessário uma série de ações urgentes, como a mudança de classificação da enfermidade e os protocolos de tratamento
Publicado em: 16/02/2022 às 06h28A depressão é um problema de saúde em crescimento exponencial em praticamente todo o mundo, e esse aumento de casos deve ser freado o quanto antes. É o que defende um grupo de cientistas internacionais. Em um artigo publicado na revista especializada The Lancet, os pesquisadores estimam que 5% da população adulta em todo o globo esteja vivendo com esse transtorno, e defendem que, para combater o mal, é necessário uma série de ações urgentes, como a mudança de classificação da enfermidade e os protocolos de tratamento.
Os especialistas também pedem um trabalho conjunto de governantes, prestadores de cuidados de saúde, pesquisadores, pacientes e seus familiares.
O artigo é assinado pela comissão Tempo para uma ação unida sobre a depressão, composta por 25 especialistas de 11 países — incluindo o Brasil —, que trabalham em áreas diversas, além da contribuição de pessoas que conviveram com esse problema. No trabalho, os pesquisadores destacam que, em países de alta renda, cerca de metade das pessoas que sofrem com o distúrbio mental não são diagnosticadas ou tratadas, e esse número aumenta para 80% a 90% em nações de baixa e média renda. Para os cientistas, esse cenário é o reflexo de várias falhas de políticas públicas.
"Indiscutivelmente, não há outra condição de saúde que seja tão comum, tão onerosa, tão universal ou tão tratável quanto a depressão, mas que recebe pouca atenção política e recursos", declarou, em um comunicado à imprensa, Christian Kieling, copresidente da comissão e professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Os pesquisadores também destacam a má compreensão dessa condição e a falta de recursos psicossociais e financeiros como fatores que influenciam o grande número de casos não tratados. "Tratamentos psicossociais e médicos eficazes são de difícil acesso, enquanto altos níveis de estigma ainda impedem muitas pessoas, principalmente adolescentes e jovens em risco ou experimentando depressão, de buscar a ajuda necessária para ter uma vida saudável e produtiva", acrescentou o especialista.
Pesquisa atesta: meditar alivia ansiedade, depressão e dor
Nos últimos anos, pesquisas científicas vêm comprovando que a meditação, mais do que relaxar, pode ter efeitos concretos sobre a saúde de uma pessoa. Um novo estudo feito na Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos, é mais um a dar aval científico à pratica: de acordo com o trabalho, meditar durante 30 minutos todos os dias ajuda a aliviar sintomas da ansiedade, depressão e dores crônicas.
"Um grande número de pessoas recorre à meditação, mas esse exercício não é considerado parte de alguma terapia médica. A nossa pesquisa mostrou, porém, que a prática parece aliviar os sintomas da ansiedade e depressão tanto quanto os antidepressivos em outros estudos”, diz Madhav Goyal, professor da Universidade Johns Hopkins (EUA) e coordenador do trabalho. Segundo Goyal, tais benefícios da meditação valem apenas para aqueles que não sofrem de formas mais graves desses problemas.
As conclusões, publicadas nesta segunda-feira no Journal of the American Medical Association (JAMA), foram obtidas após os autores revisarem 47 estudos clínicos sobre a meditação que, ao todo, envolveram 3.515 participantes. Os cientistas avaliaram o impacto de diferentes formas de Meditação sobre uma série de doenças, como transtornos mentais, insônia, diabetes, câncer e fibromialgia, problema que causa dores musculares crônicas.
Segundo os resultados, a meditação de plena consciência, uma técnica budista que consiste em parar de pensar em si e se concentrar exclusivamente no presente, como a respiração por exemplo, foi o tipo da prática mais associado a benefícios à saúde. A técnica melhorou especificamente os sintomas de ansiedade, depressão e dores crônicas, especialmente se praticada 30 minutos ao dia. "Os médicos devem estar cientes de que a meditação pode resultar na redução das consequências negativas do stress psicológico. Assim, eles devem estar preparados para falar com os pacientes sobre o papel que um programa de Meditação pode ter em certos tratamentos", escreveram os autores do estudo no artigo publicado.