Reajuste médio no salário de funcionários do setor privado fica ao redor de 6,5%
O valor foi insuficiente para cobrir a inflação média acumulada em 12 meses que, no mesmo período, atingiu 8,4%, segundo o INPC
Publicado em: 06/01/2022 às 07h14O salário recebido pelo trabalhador com carteira assinada no setor privado perdeu feio para a inflação em 2021, um movimento que deve continuar neste ano, diante do elevado desemprego e da perspectiva de baixo crescimento da economia brasileira.
Entre janeiro e novembro passado, o reajuste médio obtido pelos trabalhadores por meio de negociações coletivas foi de 6,5%, segundo o "Salariômetro" da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que acompanha os resultados reunidos pelo Ministério da Economia. Esse reajuste foi insuficiente para cobrir a inflação média acumulada em 12 meses que, no mesmo período, atingiu 8,4%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
No ano passado, 51% das negociações salariais fechadas até novembro ficaram aquém da inflação, 30% empataram e 19% superaram o custo de vida. "Foi um ano muito ruim", afirmou o professor sênior da FEA/USP e coordenador do "Salariômetro", Hélio Zylberstjan.
O economista explicou que o reajuste abaixo da inflação é resultado de uma combinação de inflação alta com recessão. "Quando existe uma desocupação muito grande, os sindicatos não têm poder de barganha nas negociações, é o pior cenário para os trabalhadores", enfatizou.
Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, observou que está havendo uma retomada da ocupação, mas sem a recomposição da renda perdida. "Neste momento de crise, as pessoas estão aceitando salários até menores do que recebiam antes da pandemia muito por conta da inflação, num mercado de trabalho em que a ociosidade elevada reduz o poder de barganha do trabalhador." Além disso, a retomada da ocupação está ocorrendo com mais força na informalidade.