Da Amazônia a Glasgow(UK), uma índia brasileira diz: ‘Não temos mais tempo’
Era o tipo de holofote associado a um certo outro jovem ativista climático: um salão cheio de líderes mundiais e um espaço para falar antes do secretário-geral das Nações Unidas.
Publicado em: 02/11/2021 às 05h59A mulher em destaque não era Greta Thunberg, mas uma índia Txai Suruí, uma ativista climática indígena brasileira de 24 anos, que fez sua primeira aparição no cenário mundial. No dia da abertura da cúpula do clima global em Glasgow (Reino Unido), ela fez um apelo eloqüente chamando a atenção para o devastador desmatamento da Amazônia no Brasil.
“A terra está falando”, disse Suruí. “Ela nos diz que não temos mais tempo.”
“Os animais estão desaparecendo”, acrescentou ela. “Os rios estão morrendo e nossas plantas não florescem como antes.” A Sra. Suruí disse aos chefes de estado presentes que eles estavam “fechando os olhos para a realidade” e que seus cronogramas para reduzir as emissões de carbono e diminuir o uso de combustíveis fósseis não eram adequados.
“Não é para 2030 ou 2050”, disse ela. "É agora neste momento."
O discurso da Srta. Suruí na cúpula ocorreu enquanto os organizadores enfrentavam críticas por uma omissão notável do programa: a Sra. Thunberg, que disse não ter sido convidada, mas se juntou a vários manifestantes na segunda-feira do lado de fora da sala de conferências.
Relembrando aos líderes mundiais o assassinato de uma de suas amigas de infância, que ela disse ter tentado combater o desmatamento, a Srta. Suruí disse que testemunhou em primeira mão os efeitos das mudanças climáticas.
“Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática”, disse ela. “Devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui.”
A Sra. Suruí disse que seu pai, um chefe de uma tribo no Brasil, a ensinou “devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores”.