Alan Guedes reage à 'farra da publicidade' e processa vereadora Lia Nogueira
Alan Guedes reage à 'farra da publicidade' e manda processar vereadora Lia Nogueira
Publicado em: 18/08/2021 às 06h48A Câmara de Vereadores instalou, em deliberação que durou menos de meia hora, durante a sessão desta segunda-feira (9), uma comissão processante para investigar possível quebra de decoro parlamentar cometido pela vereadora Lia Nogueira (PP).
Analistas políticos interpretaram a rápida mobilização legislativa como ‘resposta’ do chamado núcleo duro do Poder local, conduzido pelos parceiros de primeira hora que convenceram o prefeito Alan Guedes (do mesmo PP da vereadora) a, enfim, se manifestar sobre denúncias que Lia Nogueira vem fazendo sobre suposto escândalo na distribuição de verbas publicitárias.
Em março deste ano, da tribuna da Câmara, a vereadora - única eleita na coligação vitoriosa do prefeito Guedes, denunciou que, enquanto presidiu a Câmara de Vereadores, entre os anos de 2019 e 2020, o atual prefeito decidiu favorecer o atual Chefe de Gabinete Alfredo Barbara Neto, priorizando cerca de 40% do total das verbas de campanhas da Casa com o combalido jornal DiárioMS e o inexistente portal mantido pela empresa ABN, as inicias do nome do ousado assessor direto.
O placar foi 8 a 7
Foram favoráveis à abertura de investigação contra a vereadora Lia os vereadores Elias Ishy (PT), Maurício Lemes (PSB), Marcão da Sepriva (Solidariedade), Cemar Arnal (Solidariedade), Jânio Miguel (PTB), Daniela Hall (PSD), Daniel Junior (Patriotas) e Sérgio Nogueira (PSDB), grupo que dá sustentação política para o prefeito Alan Guedes (PP) no Legislativo.
A denúncia da ex-assessora parlamentar Patrícia Brandão que teria sido ameaçada por Lia Nogueira durante festa de confraternização – veja o contexto da manifestação nesse sentido e que depois disse que foi insistentemente procurada por emissários do prefeito com a oferta, inclusive, de um suborno de R$ 500 mil para trair a vereadora, recebeu os votos contrários de Olavo Sul (MDB), Fábio Luis (Republicanos), Diogo Castilho (DEM), Juscelino Cabral (DEM), Rogério Yuri (PSDB), Márcio Pudim (DEM) e Marcelo Mourão (Podemos).
Ausentes, Liandra Brambilla (PTB) e Creusimar Barbosa (DEM), mais o presidente da Câmara, Laudir Munaretto (MDB), que só votaria em caso de empate e Lia Nogueira, como parte denunciada e impedida de votar, completaram placar. A comissão processante será presidida por Juscelino Cabral e terá como relator Jânio Miguel. Maurício Lemes será membro. O grupo tem 90 dias para apurar a denúncia.
O TROCO
A vereadora Lia Nogueira investiga suposto desvio de R$ 1 milhão dos cofres da Câmara quando era presidida por Alan Guedes (PP), em 2019 e 2020. Ela já encaminhou o caso, junto com farta documentação obtida da Câmara, ao Ministério Público de Dourados e à Procuradoria de Justiça do Estado.
O placar apertado para a instalação da comissão processante contra a vereadora, inclusive, acende o sinal amarelo nas relações do Executivo com o Legislativo e indica que, se até agora o prefeito contava com maioria folgada para aprovar todas as matérias, entre elas a criação de salários diferenciados para atender aliados preferenciais, poderá enfrentar dificuldades em eventuais deliberações que venham a exigir quorum qualificado para as deliberações.
Ex-assessora que recusou meio milhão chama Lia de louca e pede cassação de vereadora
A ex-chefe de gabinete da vereadora Lia Nogueira (PP), Patricia Brandão, exonerada da função que ocupava na Câmara no dia 2 deste mês, classificou, em requerimento de denúncia protocolado na segunda-feira (09.08) na Casa, a ex-chefe de “descontrolada, perturbada e louca”, pedindo que seja aberta comissão processante por quebra de decoro parlamentar, afronta aos princípios do Poder Legislativo e incitação à violência, com a cassação do mandato da única vereadora eleita na coligação vitoriosa do prefeito Alan Guedes, do mesmo partido de Lia.
O Requerimento de Denúncia da ex-assessora foi acatado pela maioria dos vereadores presentes, com oito votos favoráveis (Elias Ishy, Mauricio Lemes, Marcão da Sepriva, Sergio Nogueira, Janio Miguel, Daniel Junior, Daniela Hall e Cemar Arnal) e sete contrários (Rogério Yuri, Fabio Luis, Márcio Pudim, Olavo Sul, Diogo Castilho, Marcelo Mourão e Juscelino Cabral), e duas ausências (Creusimar Barbosa e Liandra Brambilla). O presidente Laudir Munaretto e a denunciada Lia Nogueira não votaram. Comissão Processante foi instalada e tem prazo de 90 dias para a apuração das denúncias.
Os vereadores Janio Miguel (PTB), Juscelino Cabral (DEM) e Mauricio Lemes (PSB) foram sorteados pelos colegas Marcio Pudim, Diogo Castilho e Rogério Yuri para integrar a Comissão que vai julgar eventual quebra de decoro da vereadora Lia Nogueira. Juscelino, que votou contra o recebimento da denúncia, foi escolhido presidente da Comissão, com Janio Miguel de relator e Mauricio Lemes membro.
Ela lembrou que já havia registrado denúncia na Delegacia de Polícia Civil contra a ex-aliada com quem disse conviver desde 2016, e que tiveram bom relacionamento profissional e interpessoal, chegando a chefe de gabinete no atual mandato da vereadora por conta de uma conversa que teria ocorrido em confraternização social em que Lia teria dito, jocosamente, que se Patrícia chegasse a trair ela seria alvo de tiros de pistola.
Pela manhã, ainda nesta segunda-feira, uma amiga de Patrícia Brandão, identificada como Renata Chaparro da Rocha, registrou Termo de Declaração na Polícia onde diz que a ex-chefe de gabinete de Lia Nogueira chegou a receber, de emissários do prefeito Alan Guedes, a promessa de meio milhão de reais para denunciar a vereadora por assédio moral em boletim de ocorrência lavrado na Polícia.