Julho foi o mês mais quente registrado nos últimos 142 anos
Segundo dados de relatório, a temperatura combinada do oceano e da superfície terrestre foi 0,93°C acima da média do século 20, de 15,8°C
Publicado em: 14/08/2021 às 06h58Julho foi o mês mais quente já registrado no mundo em todos os tempos. O recorde foi divulgado, ontem (13/8), pela Agência de Gestão Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, em inglês). O anúncio preocupante foi feito quatro dias após a publicação do relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, em que especialistas internacionais mostram que a crise climática tem se agravado e alertam para a importância da tomada de medidas mais efetivas no combate ao aquecimento global.
“Esse novo registro contribui para a inquietante e perturbadora trajetória da mudança climática no planeta”, assinalou, em um comunicado à imprensa, Rick Spinrad, administrador da Noaa, citando dados dos Centros Nacionais de Informações Ambientais. De acordo com a agência americana, a temperatura combinada do oceano e da superfície terrestre foi 1,67 °F (0,93°C) acima da média do século 20, de 60,4°F (15,8 °C), tornando o mês passado o mais quente desde o início dos registros há 142 anos.
A temperatura do mês foi 0,02 °F (0,01°C) maior do que o recorde anterior estabelecido em julho de 2016, que foi igualado em 2019 e em 2020. O Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, que também realiza registros de temperatura, mostrou um dado diferente. De acordo com a instituição, o mês passado foi o terceiro mês de julho mais quente já registrado. Especialistas destacam que a diferença verificada é algo comum, uma vez que as agências qualificadas, geralmente, apresentam pequenas distinções nos dados coletados.
A Noaa também divulgou alguns dados regionais, segundo os quais a Ásia teve o mês de maiores temperaturas, superando o recorde estabelecido há 11 anos. A Europa viveu seu segundo julho mais quente, empatando com o ano 2010 e ficando atrás de julho de 2018. América do Norte, América do Sul, África e Oceania tiveram um mês entre os 10 de mais calor. O anúncio ocorre no momento em que a Califórnia enfrenta o incêndio Dixie, o segundo maior na história do estado americano.
O calor extremo detalhado no relatório da Noaa também coincide com o relato de agravamento da situação climática divulgado pelo IPCC, na última segunda-feira. No documento, os cientistas avaliaram cinco cenários de emissões, do mais otimista ao mais pessimista, porém em todos eles a temperatura do planeta alcançará o limite de +1,5ºC por volta de 2030. Isso representaria o fracasso do Acordo de Paris, que tem como objetivo principal manter o aquecimento global abaixo de +2ºC, ou, se possível, de +1,5ºC. Os especialistas acreditam que antes de 2050, esse limite será superado, chegando inclusive a +2ºC, se as emissões não forem reduzidas drasticamente.
O IPCC destacou ainda que, mesmo se o aquecimento ficar limitado a +1,5°C, ondas de calor, inundações e outros eventos extremos sofrerão um aumento sem precedentes. “Cientistas de todo o mundo forneceram a avaliação mais atualizada das formas como o clima está mudando”, frisou Spinrad. “É um relatório preocupante do IPCC que conclui que a influência humana está, inequivocamente, causando as mudanças climáticas, e confirma que os impactos estão se espalhando e se intensificando rapidamente”, acrescentou.