Quinta-feira, 28 de março de 2024

Alheio a crise, Reinaldo Azambuja gasta R$ 59,9 milhões com publicidade

Alheio a crise, Reinaldo eleva em 13% e gasta R$ 59,9 milhões com publicidade em 2019

Publicado em: 13/01/2020 às 07h07


O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) gastou R$ 59,961 milhões com propaganda no ano passado, o que representa acréscimo de 13,04% em relação ao primeiro ano de mandato e de 4,9% em relação a 2018. O Governo ampliou o repasse para as agências de publicidade, apesar de faltar dinheiro para comprar medicamentos e contratar funcionários na saúde, contratar aprovados em concurso e reajustar salário dos servidores.


No mesmo ano, que ampliou os investimentos para melhorar a imagem diante da opinião pública, o tucano reduziu em 32,5% os salários de metade dos 18 mil professores da rede estadual. Em 2019, Reinaldo ainda elevou a carga tributária, como o aumento de 20% na alíquota do ICMS sobre a gasolina, de 25% para 30%, de até 71% na taxa da Fundersul e tornou permanente percentuais maiores do ITCD.


De acordo com o Portal da Transparência, o total empenhado com as 11 agências de publicidade foi de R$ 59,961 milhões no ano passado. O montante foi 4,9% superior ao total torrado em publicidade em 2018, R$ 57,135 milhões, quando o governador disputou a reeleição e foi reeleito no segundo turno com mais de 677 mil votos.


Em relação a 2015, o primeiro ano do mandato tucano, quando foram gastos R$ 57,135 milhões com agências de publicidade, o aumento foi de 13,04%.


Reinaldo manteve os gastos elevados apesar da Operação Aprendiz, conduzida pelo promotor Marcos de Oliveira e autorizada pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande em fevereiro do ano passado. Na ocasião, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na Governadoria e em seis agências de publicidade.

Conforme a CGU (Controladoria Geral da União), entre junho de 2015 e agosto de 2016, houve superfaturamento de R$ 1,6 milhão na compra de cartilhas. Em um dos contratos, conforme o órgão federal, o sobrepreço chegou a 992%.


O Governo do Estado manteve os gastos milionários com propaganda no mesmo período em que o Hospital Regional Rosa Pedrossian, o segundo maior do Estado, mantinha cinco leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) fechados por falta de dinheiro para contratar funcionários.


Aliás, a saúde foi um dos setores mais afetados pela crise na atual gestão. No ano passado, o Ministério Público Estadual foi obrigado a ingressar na Justiça para obrigar o Governo a comprar medicamentos e materiais hospitalares para atender os doentes internados no HR. No início deste ano, jornais deram amplo destaque à falta de manutenção dos elevadores, que obrigaram funcionários a descer com mortos e encaminhar pacientes para exames pelas escadas.


Devido à falta de dinheiro, o governador elevou o imposto sobre a gasolina, que deverá ter aumento de 30 centavos no litro após o Carnaval. Os produtores rurais vão pagar até 71% mais pelo Fundersul cobrado sobre grãos, madeira, cana-de-açúcar e boi. Em 2015, Reinaldo aumentou o valor do IPVA em 40% e ainda ampliou a cobrança do tributo sobre veículos de 15 para 20 anos de uso.

No ano passado, quando empenhou R$ 164,2 mil para gastar com propaganda, Reinaldo reduziu em 46,3% o investimento no programa Vale Renda – de R$ 93,1 milhões em 2015 para R$ 49,9 milhões em 2019. O tucano excluiu 22 mil famílias do programa em abril passado. Só que no período, conforme o IBGE, o número de pessoas vivendo em situação de pobreza extrema saltou 154% no Estado.

Reinaldo também reduziu em 17,6% o investimento no programa Vale Universidade, destinado para ajudar estudantes carentes a entrar na universidade. Entre 2017 e 2019, o valor destinado ao projeto caiu de R$ 12,042 milhões para R$ 9,926 milhões. Em 2016, foram aplicados R$ 13,4 milhões, conforme o Portal da Transparência.

Na semana passada, o governador envolveu-se em outra polêmica ao viajar para um pesqueiro de luxo na Argentina, onde a diária custa R$ 1,1 mil e a pousada oferece até praia privativa. Só que oficialmente, o tucano informava que estava cumprindo expediente e vinha “assinando” normalmente decretos e atos.

A assessoria não informou se o governador terá o salário descontado, já que estava pescando no horário de expediente e sem passar o comando do Estado para o vice-governador Murilo Zauith (DEM). Graças à mudança feita na Constituição estadual em outubro passado, o tucano não precisa pedir autorização do legislativo nem entregar o comando do Estado ao vice, com quem não vem mantendo boas relações, caso se ausente do Estado por até 15 dias.

A alteração foi feita com o objetivo de facilitar os deslocamentos do governador a trabalho. Na ocasião, ninguém comentou que era para as pescarias em dias úteis. Oficialmente, ele tirou férias de 13 dias em agosto do ano passado. A polêmica foi ignorada por outros jornais e emissoras de televisão, sempre tão ciosos para cobrar ética e transparência nos gastos públicos.