Sexta-feira, 29 de março de 2024

Campo Grande tem aumento de 127% nos esportes; crianças que se exercitam é baixo

Entre os meninos, as atividade físicas são mais frequentes, mas 78% ainda não as realizam dentro do padrão recomendado. Entre as meninas, esse número chega a 89,1% crianças são em menor percentual

Publicado em: 24/11/2019 às 07h17


Apesar do aumento da prática da atividade física ter aumentado 127% (de 2009 a 2017) em Campo Grande (MS), quatro em cada cinco crianças e adolescentes entre 11 e 17 anos no País realizam menos atividade física do que a uma hora diária recomendada.


Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que em 15 anos, entre 2001 e 2016, a realidade pouco se alterou, passando de 84,6% para os atuais 83,6% de jovens sem a frequência de exercícios recomendada. Entre os meninos, as atividade físicas são mais frequentes, mas 78% ainda não as realizam dentro do padrão recomendado. Entre as meninas, esse número chega a 89,1%.


Em entrevista, o profissional em Educação Física, Ricardo Siufi, de Campo Grande (MS) fala sobre os cuidados que os jovens precisam ter para levar uma vida mais saudável.


“Para ter uma boa saúde é necessário dormir bem e ter um tipo de movimento durante o dia. E como forma de prevenção, incentivar a criança a praticar uma atividade a partir dos quatro anos de idade. É muito comum você ver os pais ter receio de deixar seus filhos correr por exemplo. Um exemplo disso, é que raramente você uma criança subir em arvore e isso é péssimo”, afirma o profissional.

O profissional alega que independente do que o jovem queira fazer, o importante é não ficar parado.

"As crianças que sedentárias estão fadada a ser uma pessoa doente, podendo causar problemas até em sua vida profissional. Por isso que é preciso fazer algum tipo de atividade", ressalta.


Dados regionais


A pesquisa Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgada no ano passado, mostra que em quase 1 em cada 4 habitantes (23,4%) dos campo-grandenses estão obesos e que 59,8% possuem excesso de peso. Na contra mão desses altos percentuais, o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu 17,2% (de 2008 a 2017). O consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 53,2%, acima da média nacional.


Padrão urbano


O endocrinologista Mario Carra, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), vê os números ligados a um padrão mais urbano de vida. "As crianças ficam mais isoladas e se dedicam a fazer as coisas mais fáceis, passando muito tempo em frente a telas, seja de televisão, computador ou videogame", disse. A rotina, explicou, pode levar a uma ingestão calórica maior. "O maior problema da falta de atividade é o fato de isso ser o primeiro passo para o aumento de peso, podendo levar a uma série de eventos associados à obesidade, como hipertensão, diabete. A atividade física ajuda a manter os padrões metabólicos estáveis."


Família de patins


Enquanto os amigos preferem jogos eletrônicos, Loene, de 9 anos, prefere a liberdade de andar de patins. "Muito melhor. Não gosto de ficar muito parada", disse. Os pais de Loene, Herbert de Jesus, de 33, e Lucinei Dias, de 34, incentivam a aptidão para atividades físicas da filha. "A gente não gosta muito de tecnologia. Então, preferimos sair com ela para brincar no parque", conta.

Estudante do 1.º ano do ensino médio, Isabela Letícia Fogaça, de 16 anos, sonha em ser bombeira militar, mas antes precisa vencer seu reconhecido sedentarismo e por isso pratica atividade em parques. "Vim porque minha mãe me puxou. Por mim, estaria em casa estudando", disse.


O estudo destaca a necessidade de se identificar, entender e intervir nas causas sociais, econômicas, culturais e tecnológicas que podem perpetuar os baixos níveis de participação e as diferenças entre os sexos. As políticas, apontam os pesquisadores, devem promover o aumento da atividade física em todas as suas formas, incluindo esportes, brincadeiras e recreação, assim como a mobilidade a pé e em bicicleta. "A ação requer engajamento e resposta coordenada de múltiplos setores, como escolas, famílias, planejadores urbanos e líderes comunitários e da cidade."