Quinta-feira, 28 de março de 2024

Steve Bannon apoia Bolsonaro, mas nega vínculo com campanha: 'Ele é brilhante'

Steve Bannon declara apoio a Bolsonaro, mas nega vínculo com campanha: 'Ele é brilhante', ele é estrategista da campanha de Donald Trump

Publicado em: 26/10/2018 às 10h27


Após meses de intensas especulações sobre uma eventual participação na campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, o ex-estrategista-chefe do governo Donald Trump e criador da retórica nacionalista que elegeu o presidente americano decidiu romper o silêncio e recebeu a BBC News Brasil em seu quarto de sua casa em Washington, em uma rua pacata a poucos passos do Congresso Nacional e da Suprema Corte dos EUA.

No cômodo amplo, onde pilhas de jornais e revistas se acumulam na cama, em mesas e poltronas sob o olhar pálido de um retrato do ex-presidente Abraham Lincoln (1861-1865), Steve Bannon fez elogios rasgados ao candidato brasileiro, que descreve como alguém "líder", "brilhante", "sofisticado" e "muito parecido" com Trump.

As teorias sobre o vínculo com a campanha surgiram em agosto, depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, publicou uma foto ao lado de Bannon em um prédio comercial em Nova York. "Certamente estamos em contato para somar forças, principalmente contra o marxismo cultural", disse Eduardo na época.

Bannon, por outro lado, jamais citou o nome de Bolsonaro publicamente, apesar de fazer elogios a expoentes do novo populismo nacionalista europeu, como o ministro do interior da Itália Matteo Salvini e o primeiro ministro da Hungria Viktor Orban, ambos conhecidos pela retórica nacionalista e acusados de xenofobia contra muçulmanos, refugiados e imigrantes vindos de países em Guerra.

"Sou apenas um apoiador", finalmente afirmou Bannon à BBC News Brasil, em sua primeira entrevista sobre a situação política brasileira. "Eu estou aqui endossando com alegria o capitão Bolsonaro e sua campanha para se tornar o próximo líder do Brasil."

Hoje concentrado em apoiar candidatos republicanos nas eleições legislativas dos EUA, que acontecem no próximo dia 6, Bannon diz que previu a possibilidade de Bolsonaro sofrer um atentado e que pensou em visitá-lo no hospital. "(O risco) não tem a ver com seus oponentes políticos, é sobre a natureza da anarquia no Brasil", disse o americano ao filho do candidato no encontro em NY.

Nas últimas três semanas, durante uma longa negociação para esta entrevista, o americano se dividiu entre comícios em cidades dos EUA, financiado por doadores do partido Republicano, e as principais capitais europeias, onde articula a criação do que chama de "O Movimento", espécie de "clube" que reunirá políticos conservadores de diversas partes da Europa em uma tentativa de impulsionar o nacionalismo no continente.


Sentado em uma poltrona de couro, Bannon fez jus à fama de confrontador, fez críticas à BBC e aos principais veículos de imprensa do mundo e desconversou quando o assunto eram as "fake News" nas eleições brasileiras e sua capilaridade pelo WhatsApp.


Ele já foi descrito pela imprensa internacional como o segundo homem mais poderoso do mundo e como "o grande manipulador", segundo a revista Time, por sua suposta participação no esquema da consultoria Cambridge Analytica, que usou dados de 50 milhões de perfis no Facebook sem autorização durante a eleição de 2016 – apesar de chefiar a estratégia da campanha vencedora, Bannon já negou diversas vezes que soubesse do esquema.


Contratado como estrategista-chefe do governo logo após a eleição de 2016, Bannon foi descrito na época como o principal conselheiro de Trump na Casa Branca e responsável pelas táticas de comunicação do presidente. Ele deixou o governo sete meses depois, menos de uma semana após a marcha "Unir a Direita", que reuniu ultranacionalistas em protestos violentos na cidade de Charlottesville.

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