Quinta-feira, 28 de março de 2024

No Brasil, 25% dos adolescentes com diabetes tipo 1 estão acima do peso

No Brasil, 25% dos adolescentes com diabetes tipo 1 estão acima do peso

Publicado em: 23/06/2022 às 15h40

Sempre família - Gazeta

Menos comum, o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune e atinge cerca de 5% a 10% dos pacientes diabéticos. E, no Brasil, 25% dos adolescentes com esse tipo de diabetes têm apresentado sobrepeso ou obesidade, o que traz complicações como como hipertensão, colesterol alto e síndrome metabólica – um conjunto de condições que aumentam a chance de problemas como infarto e derrame.

O dado é de um estudo multicêntrico recém-divulgado, que acompanhou 1.760 pacientes em 10 cidades, dos quais 367 eram jovens com idade média de 16 anos. Ele marca uma mudança no perfil dos diabéticos tipo 1 que, tradicionalmente, sempre foram magros – ao contrário daqueles pacientes com o tipo 2, que normalmente são pessoas com sobrepeso e obesidade. As informações são da Agência Einstein.

“Isso agrega fatores de risco que eles não tinham quando eram magros e torna o prognóstico desses pacientes muito ruim”, diz a professora Marilia Brito Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), líder do estudo. “A epidemia de obesidade chegou aos jovens com diabetes tipo 1”, observa o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Número recentes do Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) no início de 2022, apontam que nos últimos 10 anos houve um aumento de 26,6% no número de pacientes diabéticos no Brasil. O relatório diz ainda que há cerca de 1,2 milhão de crianças e adolescentes vivem com diabetes tipo 1 e que mais da metade deles possui menos de 15 anos.

Com o novo perfil, complicações para o tratamento

Esse novo perfil de diabético faz com que muitas vezes esses pacientes apresentem características dos dois tipos da doença. Tanto que, em alguns casos, eles chegam a precisar usar metformina, um remédio receitado para casos de diabetes tipo 2. E, com esse conjunto de fatores de risco, a chance de complicações a longo prazo é maior, incluindo infartos, derrames e problemas nos rins e retina.

Os quilos extras também complicam o tratamento, porque esses pacientes vão ter mais resistência à insulina, além das outras comorbidades. E como a própria insulina pode gerar ganho de peso, esses indivíduos acabam precisando usar mais dela no total, o que gera um ciclo vicioso. Não à toa, menos de 20% dos pacientes tinham a glicemia sob controle e menos da metade deles seguia uma dieta adequada.

Para estes casos, Marilia Brito Gomes avalia que o ideal é que as consultas médicas sejam em intervalos menores, de dois em dois meses. Ainda, eles precisariam do acompanhamento de um educador físico, para orientar uma rotina de exercícios, e de nutricionista, para acompanhar a aderência à dieta. “Além disso, em adolescentes, o impacto da doença pode ser muito grande e muitos demoram a aceitar o diagnóstico e o tratamento”, nota Paulo Rosenbaum. Nesses casos, também é importante o suporte psicológico, que pode fazer toda a diferença.

E no EXTERIOR?

As taxas de diabetes estão aumentando em jovens. A detecção precoce e o tratamento em crianças e adolescentes podem melhorar sua saúde e bem-estar ao longo da vida. O National Diabetes Statistics Report 2020 Trusted Source afirma que cerca de 210.000 crianças e adolescentes com menos de 20 anos nos Estados Unidos (EUA) diagnosticaram diabetes.

O diabetes tipo 1 é muito mais comum em jovens do que o diabetes tipo 2. No entanto, as taxas de ambos os tipos em jovens estão aumentando. Em 2014-2015, os médicos diagnosticaram diabetes tipo 1 em cerca de 18.291 jovens de 10 a 19 anos e diabetes tipo 2 em cerca de 5.758 jovens.

Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) relatam que, a cada ano, as taxas de diabetes tipo 1 aumentam 1,8% e as taxas de diabetes tipo 2 aumentam 4,8%. Os jovens que desenvolvem diabetes têm maior risco de problemas de saúde ao longo da vida.

Este artigo fornecerá uma visão geral do diabetes em crianças e adolescentes, incluindo os sintomas, causas e opções de tratamento. Diabetes tipo 1 e tipo 2 são condições diferentes, mas ambas afetam o uso de insulina pelo corpo. Embora o tipo 1 seja mais comum em jovens, ambos os tipos podem afetar crianças e adolescentes.

Diabetes tipo 1

O diabetes tipo 1 em crianças, anteriormente chamado de diabetes juvenil, ocorre quando o pâncreas é incapaz de produzir insulina. Sem insulina, o açúcar não pode passar do sangue para as células e podem ocorrer níveis elevados de açúcar no sangue.

As pessoas podem desenvolver diabetes tipo 1 em qualquer idade, desde a infância até a idade adulta, mas a idade média no momento do diagnóstico é de 13 anos. Estima-se que 85% de todos os diagnósticos do tipo 1 ocorram em pessoas com menos de 20 anos.

O tratamento envolve o uso de insulina ao longo da vida e o monitoramento do açúcar no sangue, bem como o gerenciamento de dieta e exercícios, para ajudar a manter os níveis de açúcar no sangue dentro da faixa-alvo.

Diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 é menos comum em crianças pequenas, mas pode ocorrer quando a insulina não está funcionando corretamente. Sem insulina suficiente, a glicose pode se acumular na corrente sanguínea. A chance de desenvolver diabetes tipo 2 aumenta à medida que as pessoas envelhecem, mas as crianças também podem desenvolvê-la.

As taxas de diabetes tipo 2 estão aumentando junto com o aumento da obesidade infantil. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relatam que a obesidade afetou cerca de 18,5% de crianças e adolescentes de 2 a 19 anos nos EUA em 2015–2016.

Mais de 75% de crianças com diabetes tipo 2 têm um parente próximo que tem, seja devido à genética ou hábitos de vida compartilhados. Ter um pai ou irmão com diabetes tipo 2 está associado a um risco aumentado. Às vezes, a pessoa precisará de medicação. No entanto, as pessoas geralmente podem gerenciar o diabetes tipo 2:

mudando a dieta
fazendo mais exercícios
manter um peso moderado