Quinta-feira, 28 de março de 2024

Cepa britânica do vírus é detectada no DF é mais contagiosa e exige cuidado redobrado

A variante britânica do coronavírus circula no DF, segundo confirmam dados disponibilizados pela Fiocruz. Para evitar pressão sobre o sistema de saúde como a que ocorreu no Reino Unido, governo local e população precisam redobrar cuidados

Publicado em: 17/02/2021 às 06h13


Com a confirmação, por meio de levantamento disponibilizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de que a variante britânica da covid-19 está em circulação no Distrito Federal, os protocolos de prevenção da doença se tornam mais importantes para evitar a transmissão de cepas novas, antigas ou o surgimento de mais mutações. Além disso, segundo especialistas, os cuidados podem evitar um colapso do sistema de saúde do DF, que alcançou 90% de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), números similares aos de cidades de Goiás.

A cepa britânica, chamada de B117, foi identificada em uma das 11 amostras de genoma do vírus enviadas à Fiocruz. O dado está disponível no Demonstrativo de Linhagens e Genomas Sars-CoV-2, na página oficial da fundação. Entretanto, ainda não há mais informações sobre data da ocorrência, quantos casos foram identificados, nem local onde os infectados residem. O Correio entrou em contato com a assessoria de imprensa da fundação para mais detalhes sobre a infecção, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que monitora todos os casos registrados na cidade, porém, até o momento, “não houve devolutiva com confirmação de sequenciamento com outra variante da covid-19”.

Para a infectologista da Sociedade de Infectologia do DF Valéria Paes, com essa confirmação, a população passa a ter um papel essencial no trabalho de prevenção, pois, segundo estudos preliminares, a cepa britânica é mais transmissível que a original. “Precisamos focar na prevenção. Distanciamento social, uso de máscaras e de álcool em gel. Tudo isso diminui a circulação do vírus e a probabilidade de surgimento de mais mutações, o que é importante especialmente durante a vacinação”, frisa.

“Estamos no início da vacinação, não podemos relaxar agora, pois, se aparecerem cepas que não são atingidas pelos imunizantes, corremos o risco de perder o processo”, completa Valéria. Em relação à variante inglesa, acredita-se que as vacinas em circulação no Brasil funcionem, porém, os estudos ainda são preliminares.

Desrespeito continua no DF

Apesar de ser necessário esforço coletivo para coibir a proliferação do vírus na capital federal e impedir que novas variantes se espalhem e surjam, o que pode comprometer a eficácia das vacinas disponíveis, as ações dos órgãos fiscalizadores durante o feriado prolongado de carnaval mostram que o descaso às normas sanitárias permanece.

Em quatro dias de fiscalizações — de sexta a segunda-feira, segundo dados mais recentes disponíveis até o fechamento desta edição —, 23 estabelecimentos foram interditados em razão de aglomerações e de descumprimento de protocolos de higiene. Seis deles receberam multa de R$ 20 mil, pois se tratavam de festas carnavalescas, proibidas por decreto assinado, na semana passada, pelo governador Ibaneis Rocha.

Em parceria com outros órgãos do governo local e com apoio do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o DF Legal realizou 326 vistorias em estabelecimentos de todas as regiões administrativas da capital. Além das interdições por infrações mais graves, 34 comércios foram multados por desrespeito às normas sanitárias, como ausência de álcool em gel, por não aferir a temperatura de clientes na entrada e desrespeitar o distanciamento mínimo entre as mesas.

A pasta informou que, na segunda-feira, não foram registrados eventos carnavalescos clandestinos. No entanto, fez 70 vistorias, 10 interdições e aplicou oito multas, com apoio de força tarefa composta ainda por Polícia Militar (PMDF), Detran-DF, Vigilância Sanitária e Instituto Brasília Ambiental (Ibram).

A Polícia Militar também divulgou números de fiscalizações. Foram 352 estabelecimentos vistoriados. Desses, 68 multados e 55 fechados pela corporação, de sexta-feira até as 7h de ontem. Ao Correio, a PMDF informou, por meio de nota, que atua como apoio ao DF Legal, desde a criação da secretaria. As ações são de controle e reforço ao policiamento, além da segurança dos agentes de fiscalização.

No mesmo período, foram registrados 703 casos de embriaguez ao volante, segundo a PMDF. Deste total, cinco pessoas foram presas. Durante o carnaval, os policiais também apreenderam 15 armas de fogo; sete tabletes e 3,5kg de maconha; nove porções de cocaína e cinco tabletes da droga; e 438 comprimidos de ecstasy.