Quinta-feira, 28 de março de 2024

Noruega analisa mortes de idosos que receberam vacina da Pfizer contra Covid-19

Noruega analisa mortes de idosos que receberam vacina da Pfizer contra Covid-19

Publicado em: 20/01/2021 às 19h39

CNN

Médicos na Noruega estão investigando as mortes de 23 pacientes idosos que receberam a vacina contra o novo coronavírus da Pfizer/BioNTech, incluindo a possibilidade de que reações adversas à injeção terem contribuído para um desfecho fatal em alguns pacientes frágeis. Os efeitos colaterais da vacina são raros e geralmente leves. Mas eles podem incluir febre e náuseas, o que pode ser perigoso em pacientes muito doentes e frágeis.


Após as mortes, o Instituto Norueguês de Saúde Pública atualizou seu guia de vacinação contra a Covid-19 com conselhos mais detalhados sobre a inoculação de idosos frágeis ou com doenças terminais. A nova orientação diz que os médicos devem avaliar cada paciente individualmente para determinar se os benefícios da vacinação superam os riscos de quaisquer efeitos colaterais potenciais.

Até a quinta-feira (14), 42 mil pessoas na Noruega haviam recebido a primeira dose da vacina. Como em muitos outros países, os idosos e os moradores de casas de repouso com problemas de saúde são os primeiros na fila para serem vacinados, porque enfrentam um risco muito maior de adoecer gravemente devido à Covid-19.

"Portanto, espera-se que ocorram mortes perto do momento [da] vacinação. Na Noruega, uma média de 400 pessoas morrem a cada semana em lares de idosos e instituições de longa permanência", disse a Agência Norueguesa de Medicamentos (Noma), em nota. A Noma destacou que todas as mortes que ocorrem nos primeiros dias após a vacinação "são avaliadas cuidadosamente" e submetidas ao registro de saúde norueguês.

O infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, disse na segunda-feira (19) que as mortes devem ser contextualizadas com a população em que ocorreram – um asilo com indivíduos extremamente frágeis. Fauci disse que seu entendimento era que as mortes ocorreram após a dose de reforço da vacina quando há sintomas não específicos, como dores, febre e mal-estar.

“É concebível que, quando você tem um indivíduo muito frágil, como muitos que estão em lares de idosos, mesmo essa quantidade de estresse para ele possa colocá-lo em risco” acrescentou Fauci. Stephen Evans, professor de farmacoepidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, disse que até agora não há "nenhuma evidência de que qualquer ligação entre vacinação e morte nesses pacientes vulneráveis ??seja causal".

Evans afirmou ao Science Media Center do Reino Unido que quando as pessoas que estão em alto risco de morte são vacinadas, "haverá um certo número de mortes coincidentes que ocorrerão logo após a vacinação." Órgãos reguladores em todo o mundo estão monitorando de perto essas fatalidades e são capazes de calcular o "número esperado" de mortes em vários períodos de tempo, disse Evans.

"Ainda não sabemos, mas parece que o número de mortes observadas não está notavelmente acima dos números esperados", disse ele, acrescentando que "não havia necessidade de ansiedade". Fauci concordou com essa avaliação, dizendo que a primeira questão é qual foi a taxa de mortalidade nas casas de saúde de indivíduos que não receberam a vacina. “Depois de conseguir isso, você obterá o verdadeiro denominador”, disse ele.

Das 23 mortes, 13 foram avaliadas até agora pela Agência Norueguesa de Medicamentos e pelo Instituto Nacional de Saúde Pública, disse o Instituto em um comunicado na sexta-feira (15.01).

Sigurd Hortemo, médico-chefe da Agência Norueguesa de Medicamentos, disse que as avaliações sugerem que reações adversas comuns às vacinas de mRNA, como febre e náusea, podem ter contribuído para um desfecho fatal em alguns pacientes frágeis.

"Não podemos descartar que as reações adversas à vacina que ocorrem nos primeiros dias após a vacinação (como febre e náuseas) podem contribuir para sintomas mais sérios e o resultado fatal em pacientes com doença subjacente grave", acrescentou o comunicado. A Pfizer disse em um comunicado enviado à CNN no sábado (17.01) que estava ciente das mortes relatadas. "Nossos pensamentos imediatos estão com as famílias enlutadas", disse a empresa. O laboratório acrescentou que está trabalhando com o Noma para reunir todas as informações relevantes.