Sexta-feira, 29 de março de 2024
Senadores de MS adotam cautela sobre colega flagrado com dinheiro na cueca
Simone Tebet (MDB) não comentou o afastamento, Soraya (PSL) preferiu não julgar, e Nelson Trad Filho (PSD) se limitou a dizer que o caso é grave
Publicado em: 18/10/2020 às 09h07Nenhum dos senadores de Mato Grosso do Sul informou como votará quando o parlamento analisar os pedidos de prisão e afastamento do colega deles, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro na cueca, entre as nádegas, na quarta-feira (14.0).
Enquanto Nelson Trad Filho (PSD) considera o caso grave, a senadora Soraya Thronicke (PSL) disse que não emitiria nenhum juízo de valor antes de conhecer o caso. Já Simone Tebet foi procurada pela imprensa, mas não se manifestou sobre o assunto.
A operação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal buscou desmantelar um esquema milionário de desvio de recursos públicos que deveriam ter ido para o combate ao coronavírus. O suposto desvio seria de mais de R$ 20 milhões em emendas parlamentares.
Na quinta-feira (15.10), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que o parlamentar seja afastado do cargo por 90 dias, medida que já está em vigor. Agora o Senado decidirá se mantém ou não a decisão de Barroso.
Sobre essa determinação do ministro do STF, o senador Nelson Trad explicou que ele apenas provocou a casa sobre a situação de Rodrigues, pois desde 2017, no caso do ex-senador Delcídio do Amaral, o pleno do STF decidiu que qualquer afastamento ou cassação de mandato deve ser feito pelo Congresso Nacional.
“O caso parece grave, pois se o dinheiro encontrado com ele não fosse de origem ilícita, não teria motivo para tentar esconder o montante daquela forma deplorável. Outro fato que joga em desfavor a Rodrigues é o posicionamento do ministro Barroso. Eu não olhei os autos e as provas, mas o ministro não autorizaria a investigação, muito menos demandaria o afastamento, sem indícios muito fortes. Porém, agora cabe somente ao Senado, por meio do Conselho de Ética, decidir ou não pelo afastamento do parlamentar”, analisou Trad Filho.
O senador sul-mato-grossense, contudo, disse que não poderia afirmar se é a favor ou contrário a alguma sanção contra Rodrigues. “Eu, como médico, não posso afirmar que você está com hepatite apenas te vendo uma só vez, sem algum tipo de exame clínico ou laboratorial. O mesmo se aplica quando recebemos essa enxurrada de informações, pois não podemos condenar ninguém sem antes analisar o caso como um todo”, explicou.
A senadora Soraya Thronicke (PSL) também foi comedida na análise sobre o caso. Para ela trata-se de algo muito recente e, como operadora do Direito, não pode se basear pelas notícias que estão sendo veiculadas sobre Chico Rodrigues.
“Como operadora, me sinto na obrigação de analisar todo o procedimento, e em atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa, que são direitos de todos os cidadãos. Também pretendo analisar a resposta do Senador ao fato, além das provas, antes de emitir qualquer juízo de valor, por mais que eu já esteja atenta ao que a mídia vem veiculando a respeito dos fatos”, explicou a senadora.