Quinta-feira, 28 de março de 2024

PF indicia deputado do DEM, conselheiro do TCE e dono de fazenda emblemática

Exclusivo: PF indicia deputado José Teixeira (DEM), conselheiro do TCE e dono de fazenda emblemática. Veja lista

Publicado em: 08/07/2020 às 10h52


Além do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do filho, o advogado Rodrigo Souza e Silva, a Polícia Federal indiciou o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Teixeira (DEM), e o ex-secretário estadual de Fazenda e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Campos Monteiro. No total, 22 pessoas foram indiciadas por integrar o esquema de pagamento de propina pela JBS que causou prejuízo de R$ 209 milhões aos cofres de Mato Grosso do Sul.

Na segunda-feira (06.07), os repórteres Aguirre Talento e Bela Menegale, revelaram que a PF concluiu o inquérito 1.190, da Operação Vostok, e indiciaram o tucano pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Conforme o delegado Leandro Alves Ribeiro, há indícios e provas de que o propina paga ao governador foi de R$ 67,8 milhões de reais.


Entre os 20 indiciados está o pecuarista Élvio Rodrigues, que foi acusado pelos donos da JBS de emitir R$ 9,1 milhões em notas fiscais falsas para legalizar a propina paga a Reinaldo. Ele é dono da emblemática Fazenda Santa Mônica, com 38 mil hectares e avaliada em R$ 25 milhões. O Governo do Estado recorreu ao Tribunal de Justiça para autorizar o pecuarista a desmatar 20,5 mil hectares do Pantanal sul-mato-grossense, considerado patrimônio natural da humanidade.


Outro indiciado foi o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, delator que detonou o ex-governador André Puccinelli (MDB) na Operação Lama Asfáltica. Ele teria emitido viabilizado o repasse de R$ 5 milhões no esquema do governador.


A PF encontrou indícios contra os empresários Pavel Chramosta e Daniel Chramosta, donos do frigorífico Buriti, em Aquidauana, que teria emitido R$ 12,9 milhões em notas fiscais para esquentar a propina paga ao tucano. De acordo com a imprensa, a empresa fez dois depósitos de R$ 25 mil para a mãe do tucano, Zulmira Azambuja, de R$ 69,5 mil ao irmão, Roberto de Oliveira Silva Júnior, o Beto Azambuja, e de R$ 25 mil para a sobrinha, Gabriela de Azambuja Silva Miranda.

De acordo com a lista, Beto Azambuja, Gabrilela Miranda e Leo Renato Miranda foram indiciados junto com Reinaldo Azambuja e o Rodrigo no inquérito da Vostok.


Acusado de emitir R$ 1,692 milhão em notas fiscais frias, o Deputado Zé Teixeira (DEM) acabou indiciado pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. O democrata chegou ficar preso por cinco dias na Operação Vostok, a 20 dias da eleição, mas acabou reeleito para mais um mandato no legislativo estadual. O mais grave, ele acabou sendo reconduzido pelos deputados estaduais na primeira-secretaria, responsável pelas finanças e cargo só abaixo do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.


Ex-deputado federal e ex-secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro também acabou indiciado junto com o governador. O conselheiro do TCE ficou preso por cinco dias e foi acusado de emitir R$ 333 mil em notas frias para justificar o suposto pagamento de propina. Na época, ele garantiu que os bois não eram de papel e apresentou documentos para contestar a delação premiada da JBS.

O ex-deputado estadual e prefeito de Dois Irmãos do Buriti por dois mandatos, Osvane Aparecido Ramos (MDB) é outro que teve o nome enviado pelo delegado ao STJ. Ele teria emitido R$ 847 mil em notas fiscais.


Ex-prefeito de Porto Murtinho e ex-presidente da Fundação Estadual de Turismo na gestão de Reinaldo Azambuja, Nelson Cintra Ribeiro (PSDB), também entrou na lista.

Réu na Operação Lama Asfáltica, o empresário Antônio Celso Cortez, que alegou demência na Justiça Federal para escapar de dois julgamentos, é acusado de ter integrado o esquema de pagamento de propina do governador tucano.


O advogado Carlos Marques, que defende o deputado Zé Teixeira (DEM), afirmou que só poderá comentar o relatório da PF. A mesma posição foi manifestada pelo advogado Newlley Amarilla, que representa Ivanildo da Cunha Miranda.

“Preciso ler o relatório, que é muito extenso. Mas o relatório é peça informativa, vale dizer, serve apenas para informar o MP (Ministério Público) acerca do resultado da investigação. Cabe ao MP analisá-lo e a partir daí, oferecer ou não denúncia ou, ainda, requerer outras diligências. Se oferecer denúncia, para que se inicie o processo crime, o STJ terá de admitir ou receber essa denúncia”, afirmou o advogado Newley Amarilla.