Seguradora Líder esconde arrecadação e gastos em balanço anual do DPVAT
Documento traz detalhes 353 mil indenizações, mas não traz nenhum dado sobre valores arrecadados e pagos em indenização
Publicado em: 09/02/2020 às 06h19O relatório 2019 da Seguradora Líder, “dona” informal dos bilhões do DPVAT, contém estatísticas, detalhes de 353 mil indenizações pagas ano passado, dados sobre vítimas e acidentes etc. Entretanto, apesar de tratar da quantidade de pagamentos feitos por invalidez permanente e reembolsos de despesas médicas, os valores dessas indenizações pagas não podem ser encontrados no relatório de 31 páginas.
Nos últimos 10 anos, o DPVAT faturou R$65,1 bilhões sem dar direito ao cliente de escolher uma seguradora para contratar o serviço. A arrecadação do DPVAT cresceu a níveis siderais durante governo Lula e até 2016, na era Dilma. Aí começou o declínio As motocicletas estão envolvidas em 50,7% das indenizações por morte e incríveis 82,5% dos pagamentos por invalidez permanente.
AUDITORIA
Auditoria nas contas da Seguradora Líder, responsável pelo seguro DPVAT, apontam diversas conversas de WhatsApp, emails e pagamentos que mostram desvios de antigos gestores da empresa a diversos políticos do diretório nacional do PSL, partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro.
A auditoria detectou o repasse de R$ 94 milhões para empresas ligadas à Líder, de 2009 a 2016. No entanto, grande parte delas são de políticos do PSL: Companhia Excelsior de Seguros, consorciada da Líder que tem como acionista Luciano Bivar, presidente do PSL; escritório Rueda & Rueda Advogados, que tem como sócio Antônio Rueda, vice-presidente do PSL, e a SaudeSeg Sistema de Seguros, que tem cinco acionistas atuando no diretório nacional PSL.
Apenas a SaudeSeg ficou com R$ 72 milhões dos repasses de 2012 a 2016 da Líder. Um de seus acionistas é Ricardo Motta Lobo, tesoureiro do PSL. Outro é Rodrigo Gomes Furtado, sócio da Nox Entretenimento, que também é de Cristiano Petribu Bivar, filho de Luciano Bivar.
Além disso, políticos citados pela auditoria receberam, para campanhas eleitorais, R$ 330 mil em 2014 e R$ 75 mil em 2016 em doações de pessoas e empresas que têm ligação com a Líder.
A auditoria também questionou pagamentos por prestação de serviços para o escritório Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça e Associados. Esse escritório foi constituído em 2013, como sucessor do escritório Luís Roberto Barroso & Associados, do qual o ministro do STF Luís Roberto Barroso era sócio. De 2009 a 2016, a Líder fez ao escritório 21 pagamentos, totalizando R$ 3,67 milhões.