Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia e convoca eleições
Líder anunciou saída em pronunciamento na TV, após semanas de protestos e pressão da Forças Armadas
Publicado em: 10/11/2019 às 17h53O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou neste domingo sua renúncia ao cargo, depois de três semanas de protestos contra sua polêmica reeleição e depois de perder o apoio das Forças Armadas e da Polícia.
“Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais”, disse Morales em discurso televisionado, referindo-se a líderes opositores que convocaram protestos ele, desde o dia seguinte às eleições de 20 de outubro.
Devido a fortes manifestções, ainda o dirigente reistia a renuncia, mas com a entrada dos militares e policiais, pedindo novas eleições, o lider indígena, que aspira o quarto mandato de presidente, renunciou a presidência da Bolívia.
O comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, pediu neste domingo ao presidente Evo Morales que renuncie, em meio a protestos por sua questionada reeleição na votação de 20 de outubro, nas qual a Organização de Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades.
“Após analisar a situação conflituosa interna, pedimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial permitindo a pacificação e a manutenção da estabilidade, pelo bem da nossa Bolívia”, disse o general Kaliman à imprensa.
O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Luis Alberto Sánchez, renunciou neste domingo ao seu cargo, na segunda renúncia do gabinete do presidente Evo Morales, depois da do ministro de Mineração.
"O curso dos acontecimentos (de crescente violência) vai contra meus princípios pessoais, assim como meus valores espirituais e democráticos, e me impedem, portanto, de continuar na direção da pasta de Estado que dirijo", escreveu Sánchez em uma carta enviada a Morales e postada em sua conta do Twitter.
O governante fez o anúncio pouco depois de que a Secretaria-Geral da OEA pediu a anulação do primeiro turno - no qual Morales foi reeleito sob denúncias de fraude por parte da oposição - e a realização de novas eleições.
"Decidi renovar a totalidade de membros do tribunal supremo eleitoral", disse Morales em um anúncio pela televisão, indicando que vai "convocar novas eleições nacionais, que por meio do voto permitam ao povo boliviano escolher democraticamente novas autoridades".
O presidente, que não esclareceu se será candidato novamente e não estabeleceu data para as novas eleições, tomou a decisão após o informe da OEA e enquanto a tensão escalava no país, com protestos maciços nas ruas nas últimas três semanas e inclusive motins policiais desde sexta pedindo sua renúncia.
"O primeiro turno das eleições realizado em 20 de outubro deve ser anulado e o processo eleitoral deve começar novamente, efetuando-se o primeiro turno assim que houver novas condições que deem novas garantias para sua realização, entre elas uma nova composição do órgão eleitoral", disse a Organização dos Estados Americanos (OEA) em um comunicado.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, fez este pedido em virtude do informe técnico preliminar preparado por uma missão que auditou as eleições bolivianas e encontrou "irregularidades", questionando a "integridade" da apuração.
"Nos quatro elementos revisados (tecnologia, cadeia de custódia, integridade das atas e projeções estatísticas) foram encontradas irregularidades, que variam desde muito graves até indicativas. Isto leva a equipe técnica auditora a questionar a integridade dos resultados da eleição", diz o informe.