Mercado espera redução de juros no Brasil e nos EUA
Semana começa com expectativa de redução de 0,5 ponto percentual nos juros básicos do Brasil e dos Estados Unidos na "superquarta", apesar das incertezas internas e do impacto do ataque na Arábia Saudita sobre os preços do petróleo
Publicado em: 16/09/2019 às 08h31A partir de amanhã, os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem por dois dias para decidirem o novo valor da taxa básica de juros das respectivas economias. O mercado abre a semana com a expectativa de cortes parecidos na “superquarta”, por conta dessa coincidência de agenda. Contudo, há uma apreensão em relação ao impacto do ataque de drones na Arábia Saudita, neste fim de semana, que afetou a produção de petróleo de um dos maiores fornecedores globais.
No Brasil, as previsões são de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai reduzir a Selic, de 6% para 5,5% ao ano para dar estímulo à economia. “Não tem como o BC não cortar a Selic em 0,5 ponto percentual. Essa redução já está dada porque a atividade ainda está fraca”, aposta o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. Ele descarta qualquer influência sobre a alta do preço do barril de petróleo na decisão da diretoria do BC em adiar o corte. “Há um risco inflacionário, mas a Petrobras pode ganhar com isso, fazendo a bolsa subir”, pontua.
Enquanto isso, nos EUA, o presidente Donald Trump está impaciente para que o Federal Reserve (Fed) acelere o ritmo da redução dos juros e já manifestou o desejo de que eles caiam de 2,25% a zero, como ocorre na Zona do Euro, ou fique negativo. Logo, a diretoria do BC vai acompanhar atentamente a reunião do Fomc, que deverá anunciar o resultado poucas horas antes do Copom.
Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset, destaca que a curva de juros dos títulos da dívida norte-americana aponta 99,7% de probabilidade de um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros dos EUA. “O Fed está de olho no Banco Central Europeu (BCE), que anunciou estímulos. Então, o cenário ainda é positivo, mas o investidor aproveita para realizar, antes do fim de semana, com poucas notícias por aqui e expectativa pelas decisões de juros do Fed e do nosso BC nos próximos dias”, explica. Para ele, o tema mais importante do mercado brasileiro, para a confiança do investidor, continua sendo o andamento da reforma da Previdência no Senado. Perfeito, da Necton, reforça que o aumento das dúvidas sobre qual reforma tributária o governo vai adotar após a saída do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, pode deixar o mercado mais instável.
As duas principais variáveis para os diretores do Banco Central aumentarem ou reduzirem os juros básicos são: inflação e crescimento econômico. Como o ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é mais lento do que o de 2018 e a inflação está controlada abaixo da meta, de 4,25% ano, analistas apostam em novas reduções da Selic como forma de estimular o crédito e o consumo para dar um impulso na atividade. A mediana das estimativas do mercado para o PIB deste ano está em 0,87%, dado inferior à alta de 1,1% registrada em 2018 e em 2017. E, para piorar, as estimativas de 2020 estão em queda, indicando que o PIB não conseguirá crescer mais do que 2%.