Ciro Gomes faz ataque em ato em SP e quer trégua com PT para enfrentar Bolsonaro
Ciro minimiza ataque em ato em SP e propõe trégua com PT para enfrentar o presidente Bolsonaro
Publicado em: 04/10/2021 às 08h02O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que pretende ser candidato à Presidência da República em 2022, minimizou, hoje, os ataques que sofreu no ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), em São Paulo. Mencionando diferenças com o PT, Ciro pediu uma "trégua de Natal" quando o assunto for a mobilização para remover o presidente. O ex-ministro, em sua pré-campanha, não tem poupado críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos governos do PT.
O pedetista afirmou ainda que não recebeu ligações de petistas em solidariedade, mas também procurou não dar importância a isso —alguns líderes do partido repudiaram a agressão em entrevistas na imprensa, mas não pessoalmente.
Durante a manifestação contra Bolsonaro, neste sábado (2), Ciro foi vaiado ao discursar no palco da avenida Paulista. Ao deixar o local, teve que entrar rapidamente em seu carro para fugir de pedaços de pau sendo atirados contra ele. Como mostrou a Folha, a maior parte do público da manifestação era de esquerda —especialmente de movimentos e partidos que trabalham para a eleição de Lula em 2022.
De forma geral, os pedetistas alvos da agressão identificaram militantes do PCO (Partido da Causa Operária), da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT como autores das ações, mas Ciro evitou apontar culpados.
Ciro pregou unidade de campos políticos para conquistar uma maioria parlamentar pelo impeachment e mencionou sua ida à manifestação promovida pela direita, em 12 de setembro, organizada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e pelo Vem Pra Rua.
"Quando eu aceitei o convite do MBL, eu não superei as diferenças insuperáveis que tenho com MBL e nem, acabado o ato, fomos tomar cerveja. [...] Também as minhas diferenças com o PT são cada vez mais profundas e insuperáveis, mas o que eu estou propondo, para toda a militância nossa, é não dar valor a esses incidentes, que são desagradáveis, mas são irrelevantes à luz da gravíssima hora que o Brasil está pedindo de todos nós: serenidade, equilíbrio e foco", disse Ciro hoje.
"Estamos propondo uma amplíssima trégua de Natal, como nas guerras. Para, quando for o assunto Bolsonaro e impeachment, a gente deve esquecer tudo e convergir para esse rasíssimo consenso, que já não é fácil", completou.
Ciro pediu serenidade à militância do PDT, que segundo ele ficou "muito aborrecida". Ele defendeu "manter o foco no que interessa e não dar relevância ao que não tem relevância nem centralidade". "Temos que ter uma capacidade de não entrar nesse tipo de coisa lateral", disse. "Recebo com carinho e gratidão todas as expressões de gratidão, mas não dou a menor bola à bobagenzinha que aconteceu lá", afirmou o ex-ministro.
Uma série de políticos do campo progressista condenou os ataques, como Guilherme Boulos (PSOL), Orlando Silva (PC do B) e Marina Silva (Rede). Até a tarde deste domingo, Lula da Silva, Fernando Haddad (PT) e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não haviam publicado mensagens sobre o fato em suas redes.
Gleisi, no entanto, afirmou que o "incidente foi lamentável" e que "isso nunca foi orientação do PT". Haddad, ao deixar a manifestação, afirmou ser lamentável o ocorrido. Em seu discurso, após as vaias, pregou unidade. Ciro afirmou ainda que as manifestações de sábado em todo o país foram positivas e que é preciso insistir na unidade dos campos políticos e na mobilização de rua. "Só a rua, de forma ampla, generosa e absolutamente plural, vai permitir que a gente tire [o presidente da Câmara] Arthur Lira [PP-AL] da omissão criminosa de despachar o processo de impeachment."
O pedetista reiterou que Bolsonaro cometeu crimes graves e que continuará tentando dar um golpe. Há uma expectativa de nova manifestação contra Bolsonaro no dia 15 de novembro, e a ideia de organizadores é ampliar o escopo ideológico para tentar promover algo que se assemelhe às Diretas Já.
Ciro deu sugestões para essa nova manifestação: de que tenha maior participação de artistas e de que haja uma mobilização que circule pelo país, a exemplo das Direitas Já, segundo ele. O pedetista chegou a propor que a manifestação principal não seja em São Paulo, mas em Belo Horizonte, Salvador ou Porto Alegre.