Saiba por que o preço da carne bovina segue em alta nas vendas a varejo
Especialista aponta que os preços devem seguir em alta nos próximos meses, o produto acumula alta de 29,5% nos últimos 12 meses
Publicado em: 26/03/2021 às 06h48A carne bovina é um dos produtos mais importantes no cardápio da maioria dos brasileiros, o insumo subiu 18% em 2020 e segue registrando aumento nos preços e assustando os consumidores.
Em fevereiro, o alimento subiu 1,72% na comparação com janeiro e, nos últimos 12 meses, registra alta de 29,5%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O corte com maior variação foi o lagarto comum, com avanço de 3,60%. Já o contra filé aumentou 2,06% e a alcatra subiu 3,05%.
A perspectiva é de que os preços da carne de bovina continue em alta, como resultado da oferta restrita de gado no país e forte demanda da China. O analista de mercado, Marcelo Soares, pontua que houve um movimento inesperado de valorização.
"A China voltou a demandar carne, após uma parada no mês de dezembro, e contribuiu com o aumento, ou seja, a demanda segue maior que a oferta, além do abate de muitas fêmeas no Brasil, com isso, o preço do bezerro subiu muito e diminuiu a oferta de gado pronto para entregar no mercado", explicou a imprensa.
O analista explica que o produto deve continuar registrando alta nos próximos meses, devido a problemas climáticos e aumento dos custos na linha de produção. Além disso, o Brasil tem exportado muito diante da valorização do dólar, que torna a venda mais rentável.
"Quem mais sofre com esses valores são os consumidores e infelizmente eles tendem a continuar, a oferta vem em queda há um bom tempo, e não é algo que se recupera fácil. A única carne que poderá continuar com preço estável ou até subir um pouco é a de frango, até mesmo o ovo que é uma proteína muito consumida registrou aumento”.
Soares aponta que outro fator que impacta no aumento expressivo da carne bovina é o preço dos alimentos consumidos por esses animais, como soja e milho, o que deve contribuir para manter a carne bovina em patamares elevados.
“A soja continua em alta e com o milho acontece a mesma coisa, isso influencia diretamente nos preços da carne bovina. Para produzir 1 kg de carne, seja suína ou bovina, hoje custa praticamente o dobro do que custava há seis, sete meses atrás, no final isso tudo impacta nos preços dos açougues e supermercados”, explica o consultor.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso do Sul registrou queda de 13,4% no ano passado no abate de bovinos. Ao todo foram abatidos 3,2 milhões de cabeças de bovinos em Mato Grosso do Sul sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal) em 2020, já em 2019 o quantitativo foi de 3,6 milhões de cabeças.
VAI FALTAR CARNE?
Marcelo explica que mesmo com baixa oferta do insumo, o Brasil ainda é um grande produtor e consegue suprir a demanda interna. "Não chegaremos ao ponto de faltar, o Brasil é referência no mercado e Mato Grosso do Sul faz parte disso, o que está acontecendo atualmente é que temos uma pressão maior", ressaltou.
Mato Grosso do Sul é o quinto estado que mais exporta carne bovina, com 212 mil toneladas enviadas ao mercado externo em 2020. Tais exportações renderam ao Estado U$S 783 milhões de dólares em faturamento no ano passado.
As exportações de Mato Grosso do Sul representaram 6,7% no volume exportado brasileiro em 2015, passando para cerca de 8,16% em 2020. Os principais destinos das exportações de Mato Grosso do Sul foram Hong Kong com 23,92%, seguido pela China, que aumentou sua participação de 3,03% em 2019 para 16,25% em 2020.