Cidades com retorno em escolas particulares, têm 30 vezes mais casos de Covid-19
Sete municípios liberaram abertura de escolas privadas antes da estabilização da doença no Estado de MS
Publicado em: 04/09/2020 às 07h45Tidas como “exemplos” pelas entidades que apoiam o retorno das aulas presenciais na rede privada em Campo Grande, as 7 cidades sul-mato-grossenses que liberaram as escolas particulares a abriram suas portas viram um aumento de até 30 vezes, juntas, no total de pessoas que contraíram a doença após a medida.
Os dados foram comparados com base nas datas em que as prefeituras emitiram autorizações para que as escolas abrissem e nos informes da Secretaria de Estado de Saúde sobre o volume de infectados. Na quinta-feira (03.09), reunião no Ministério Público de Mato Grosso do Sul definiu que a rede privada de Campo Grande poderá voltar a receber alunos em 21 de setembro, mas apenas na faixa de 0 a 5 anos e com limitação de 30% da capacidade das salas. Além disso, a taxa de ocupação de UTIs na cidade deve se manter inferior a 85%.
Em todos os casos, porém, a medida das prefeituras valeu apenas para a rede privada e mediante a adoção de medidas de biossegurança.
São Gabriel do Oeste é um exemplo de cidade que liberou as aulas particulares antes de a Covid-19 avançar sobre sua população. Depois de retomar as aulas em meados de maio, voltou a suspendê-las em 22 de junho, quando o total de infectados chegou a 80 – naquele momento, a incidência da doença era de 298,8 casos por 100 mil habitantes, a 10ª maior do Estado.
A nova autorização para funcionamento das escolas veio em 3 de julho, quando a cidade mais que dobrou o número de doentes –162 casos, com a incidência disparando a 605,1 casos por 100 mil habitantes. Na quinta-feira (03.09), São Gabriel do Oeste totalizou 808 casos (incidência de 2.968,3 por 100 mil, a sexta maior em Mato Grosso do Sul) e chegou a 5 mortos.
Contudo, o município não foi o primeiro da lista a liberar as aulas presenciais na rede privada. Em Amambai, desde 3 de junho um colégio particular teve autorizado o funcionamento, mediante a adoção de medidas de biossegurança –que vão da higienização dos alunos ao distanciamento social nas aulas. Cinco dias depois, alunos do Ensino Médio foram chamados a retornar, e os do Fundamental, no dia 15 de junho.
O assessor jurídico da Prefeitura de Amambai, Caio Fachin, explicou que, apesar disso, diante do surgimento de casos de Covid-19 no município, a própria escola achou por bem suspender as aulas –que começaram a ser retomadas recentemente, ainda seguindo o plano de biossegurança aprovado pelo Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção ao Covid-19.
“Esse plano trazia o espaçamento entre carteiras, desinfecção das salas de aula e proibição de lanches. Apenas aulas seriam liberadas, com tapetes na entrada da escola e salas com desinfetante para calçados, e a redução no número de alunos. Além do uso de máscaras e outras”, salientou. “Mas a própria escola decidiu por bem suspender as aulas de novo com o aumento de casos. Em tese, hoje tem autorização para funcionar”.
Em 3 de junho, Amambai registrara 6 casos de coronavírus, sem óbitos. O boletim da Secretaria de Estado de Saúde desta quinta contabilizou 4 óbitos e 177 infectados no município (quase 30 vezes mais). A taxa de incidência é de 444,4 casos por 100 mil habitantes, a 62ª do Estado. Na próxima semana, o comitê de combate à Covid-19 na cidade deve analisar a flexibilização das medidas, com o retorno da Educação Infantil.