Fechada só no papel, fronteira paraguaia é um refúgio dos mais procurados
Fahd Jamil e o filho Flavinho engrossam a lista de bandidos que escaparam de cerco policial e se escondem no território paraguaio
Publicado em: 24/06/2020 às 08h02Quando policiais do Gaeco e do Garras invadiram, com ordem judicial, a mansão do “padrinho” Fahd Jamil Georges, 79, na madrugada de 18 deste mês, para cumprir o mandado de prisão dele e do filho, Flávio Correia Jamil Georges, 35, o “Flavinho, os dois já tinham desaparecido. Em 15 anos, foi a segunda vez que o “Turco” – como Fahd Jamil é conhecido em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero – escapou do cerco policial.
Oficialmente a polícia e o Ministério Público não falam sobre a fuga dos Jamil Georges na terceira fase da Operação Omertà, que investiga a atuação de grupos de extermínio em Mato Grosso do Sul. Mas nos bastidores policiais existe uma certeza absoluta: Fahd Jamil e Flavinho cruzaram a fronteira e se esconderam no Paraguai.
Embora a atuação do governo paraguaio contra o crime organizado tenha aumentado nos últimos anos, o país vizinho continua sendo refúgio dos bandidos mais procurados pela polícia brasileira. E nem a pandemia do novo coronavírus, que levou ao fechamento da fronteira dos dois lados, tem barrado a rota de fuga dos criminosos brasileiros.
Desde abril, o Campo Grande News tem mostrado que o fechamento da fronteira só existe de fato no papel e que apenas quem respeita a lei cumpre a medida. Enquanto trabalhadores são barrados, presos e humilhados por militares paraguaios, os criminosos têm passagem livre. A prova cabal são as apreensões recordes de drogas e de contrabando feitas pela polícia sul-mato-grossense nos três meses da pandemia.
Na prática, a “fronteira fechada” não significou reforço nos efetivos policiais. O Exército brasileiro mantém apenas barreiras sanitárias nas regiões de Ponta Porã(MS) e Bela Vista(MS). Já os militares paraguaios estão apenas no perímetro urbano das cidades-gêmeas, onde fazem bloqueios com pneus, valetas e arame farpado. Com quase 500 quilômetros, a Linha Internacional entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai continua “terra de ninguém”.
Pistoleiros da Capital – Fahd e o filho Flavinho ainda não foram incluídos na lista da Interpol, mas os Jamil Georges são suspeitos de dar abrigo a dois dos 23 bandidos da lista dos mais procurados do país, criada em janeiro deste ano pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública: os pistoleiros José Moreira Freires, 46, o "Zezinho", e Juanil Miranda Lima, 43.